Pai
Impotência.
Essa é a palavra que resume o que sinto e nada do que eu possa escrever aqui vai mudar uma vírgula sequer dos acontecimentos dos últimos dois meses.
Perdi.
Perdi de uma forma absurda aquele que me deu a vida, que através do seu silêncio ou do muito falar me ensinou valores como amor, respeito e reverência, que cantando "ai matarô meu carnero" fazia um colchão de capim para eu dormir quando me levava em suas pescarias, que tirava as ferpas dos meus dedos, e que de uma forma única fazia um curativo nos meus machucados, que sentia orgulho das minhas vitórias e as vezes até aumentava as proporções delas de tanto contentamento.
Perdi a pessoa mais original, verdadeira e bondosa que já conheci. Quarenta e quatro anos juntos foi tão pouco... A sensação de que faltou tanta coisa a ser dita, a ser feita, a ser vivida é só minha, por que tenho certeza que com sua sabedoria e humildade ele viveu intensamente cada minuto, dando valor as coisas simples da vida, como a família reunida ao redor da mesa onde ele sempre servia a todos e muitas vezes ficava satisfeito só de contemplar a sua prole.
Perdi alguém que tinha seus valores muito bem definidos, que nunca mudavam fosse na fartura ou escassez sempre dava graças a "Papai do céu" por tudo.
Perdi o homem que durante toda a sua vida não economizou sorrisos e que tinha a alegria como sua marca registrada, que contagiava todos ao seu redor.
Perdi o herói. Abençoador por natureza, para ele as pessoas eram mais importantes que as coisas e o dinheiro uma forma de fazer isso real, nunca ouvi um não de sua boca para alguém que precisasse independente de haver merecimento ou não, e com ele aprendi que esses são os verdadeiros tesouros.