À nossa poetisa Edna Frigato

Considero Edna Frigato uma das sete ilhas de excelência neste Recanto de letras refinadas cujo privilégio de ler compartilho com outros apreciadores da boa arte literária. Seu repertório poético (tanto no verso quanto na prosa) atrai (e de maneira espontânea) centenas de leitores interessados em experimentar uma literatura “diferenciada”.

Nesse sentido, Edna também me encantou porque sua poesia busca, incessantemente, a originalidade, o diferente, o inusitado, o surpreendente, de maneira irônica, sagaz e venenosa. Sinto a energia do seu ser em cada palavra-espada que rasga, sem cerimônias, a inércia passiva (inicial e natural em cada leitor).

Principalmente, em seus sonetos, (e, no soneto, devido à estrutura textual curta, fica ainda mais difícil) Lady Frig possui o talento [raro] de construir imagens poéticas de amor e sensualidade tórrida em narrativas cinematográficas com o ritmo frenético de clipes de rock in rool como em “Toque do Sonetista”, “Cio da Besta” e “Luxúria”. Aliás, volta e meia, seus textos flertam com o cinema. Ora em diálogos e homenagens explícitas a Tim Burton (“A Noiva Cadáver”), ora em referências mais veladas ao realismo fantástico de David Lynch e Almodóvar, por exemplo, em “Cio da Besta” e “Tormenta”.

Mas Edna Frigato também aponta seu arsenal discursivo-literário para outros temas: o processo de criação poética em “Fleuma” e “Codinome Beija-Flor”; o machismo em “Funesto Acalanto” e, no grandioso, “Homo Sapiens invertido” e o ciúmes machista em “Egolatria Nefasta”. Só que nem tudo é porrada, explosão e estilhaços na literatura frigatiana. Nossa poetisa mostra também um lado mais sensível e romântico em “Medo (in)justificado”, “Anúncio” e “Dèjavù II”, filosofa com sabedoria e serenidade em “Generosidade” e demonstra muito talento na construção de short stories de narrativas intensas em tiros curtos recheados de mistérios e ânsias pela continuidade: “Reminiscências” e “Dèjavù II”.

A linguagem poética de Lady Frig, em alguns textos (por exemplo, em “Homo Sapiens invertido”, “Íntimo Desejo” e “Nosso Primeiro Encontro”) lembra e muito a de Augusto dos Anjos. Inclusive ela faz homenagens ao nosso cânone pré-modernista com epígrafes intertextuais, estabelecendo dialogismos, não só com a temática, mas com o vocabulário peculiar, afiado e incisivo – estandarte do “poeta do átomo e do cosmo”. No entanto, acrescentando a esses textos outros ingredientes literários, Edna vai além de seu mestre, postulando também novas perspectivas poéticas.

Portanto, caro leitor, seja bem-vindo à Literatura de Edna Frigato. Apresentei aqui apenas um recorte metonímico de seu repertório poético. Seu universo literário é mais amplo ainda. Edna não escreve somente para o leitor que aprecia poesias, mas, principalmente, escreve para poetas e literatos cuja bagagem de experiência e conhecimento permite o receptor da obra literária apreciar uma poesia original, corajosa e desafiadora. Aprecie sem moderação.

15/01/2015

Obrigado pelo adendo poético, Stelo! Você também faz parte do meu Clube dos 7.

"Análise justa e esmerada

La Frigato é um show à parte

E agora é homenageada

Por quem entende da arte"

(Stelo Queiroga)