Saudades da minha doutora.
" A morte é para todos...
ninguém é insubstituível."
José Pompílio da Hora
Ao contrário do estilo até então por mim seguido, em textos anteriores aqui publicados, desta feita, deixarei de lado o que alguns queridos amigos classificaram de "certa ironia sutil" na minha escrita. No que pretendo expor, de outra forma não poderia ser. Somente descontraio quando a situação permite ou é cabível. Não agora.
Vou discorrer, confesso, com a emoção à flor da pele, sobre pessoas que realmente importaram em minha vida e, certamente, na de outras pessoas que as conheceram, seja no âmbito pessoal ou no profissional.
Desde já, cabe dizer que as palavras, em negrito, no início deste texto, foram as últimas a mim dirigidas por meu pai, em seu leito hospitalar, antes de Deus dar por finda a sua missão terrena, naquele 24 de outtubro de 1.991. Jamais as esqueci porque, sem dúvida e todos sabemos disso, a morte é, de fato, para todos nós. Apenas ousei e ainda ouso discordar da segunda parte, quando ele acrescentou que "ninguém é insubstituível". Fisicamente, creio, até pode ser que haja eventual substituição.
Mas, emocional e espiritualmente, há pessoas cuja luz, presença, postura e caráter jamais serão substituídos por quem quer que seja, sem que isso implique em tirar ou não reconhecer o grande mérito das demais pessoas a quem amamos ou conhecemos.
Em tal contexto, incluo o meu pai, José Pompílio da Hora, insubstituível sim, não apenas para mim, mas para a minha caríssima mãe e para os meus irmãos. O que nos mantém radiantes, conformados e positivos, além de nossa religiosidade, é o seu legado de honradez moral e de valores éticos com que nos agraciou ao longo de seus 74 anos.
Dando sequência, com certeza, conheci, também fora da esfera familiar, outras pessoas a quem a morte me privou precocemente de um maior convívio, mas cuja energia e essência espiritual, não houve quem substituísse na minha estrutura emocional. E passe o tempo que passar, tais pessoas estarão sempre cravejadas em mim.
Assim sendo, vou, agora, prestar não uma homenagem póstuma, até porque se trata de alguém a quem a implacável morte realmente levou fisicamente, mas jamais a levará, do meu interior, enquanto eu estiver igualmente "por aqui".
Minhas singelas mas emocionadas palavras de lembrança, agradecimento e de saudade são dirigidas a uma das raras profissionais da Medicina, que a exerceu com humildade, sabedoria e amor ao próximo, de uma forma incomum e seguramente bela. Não, não tenho como associá-la e mantê-la em um passado ou admitir que deixou de existir em sua plenitude espiritual. Não seria verdade. Seria até injusto.
Falo da Dra. Regina Lucia de Albuquerque, Médica que, por mais de dez anos, cuidou da minha saúde física e emocional, com uma gentileza, paciência e profundo conhecimento de sua área como ninguém. Sem falar do bom humor e extrema delicadeza com os seus pacientes, não deixando de ser "dura" e exigente quando tinha de ser e "aliviando", quando reconhecia o esforço e a garra de seu "eleitorado" para seguir as suas determinações médicas. Digo "eleitorado" por que Regina, a quem eu assim carinhosa e respeitosamente chamava, era o tipo de Médica que mantinha os seus pacientes, em quase a sua totalidade, transformados em amigos, como fiéis eleitores à sua cartilha de dedicação e de profissionalismo inquestionáveis. Sim, todos a teriam eleito como uma das melhores médicas da atualidade, se eleições existissem em tal sentido.
Por isso, quero apenas deixar registrado, por palavras, o meu acanhado agradecimento a quem, num campo tão difícil de atuação, sempre se pautou pela ética, na responsabilidade de suas decisões médicas e no tratamento aproximado e preocupado com seus pacientes, como um todo, nos aspectos físico e emocional.
Regina nos deixou aos 54 (cinquenta e quatro anos), salvo engano, mas a prescrição médica de amor ao próximo e a seu ofício, essa ela tornou indelével no emocional de quem a conheceu e teve, além do benefício do seu correto e técnico tratamento para o físico, o conforto, a palavra amiga e o companheirismo para os embates emocionais inerentes a todos os seres humanos, passíveis que somos de altos e baixos, de tristezas e alegrias, de coisas boas e das não necessariamente positivas, ao longo da vida .
Nos últimos tempos, minha doutora passou por uma prova de saúde bastante crucial e em um de seus últimos e-mails, por mim arquivados, me disse que estava feliz por retornar a seu consultório, nas seguintes palavras: " Querida Ana, estou voltando.....e esse negócio de atender um dia e não conseguir dar continuidade aos meus pacientes, me sentia irresponsável, sei que decidi o mais difícil....E atender é extremamente agradável...".
Ok, Regina, minha eterna doutora, continue atendendo com a sua indiscutível responsabilidade, agora, daí, de um plano a sua altura espiritual.
Em princípio, não existe beleza e nem vitória diante da morte.
Mas você, minha para sempre doutora, provou que nada ou nenhum contexto, por mais adverso que tenha sido, saiu vencedor diante da sua garra e da sua magnitude como pessoa. Até a sua morte, você a sublimou. Você não se entregou diante das castigantes circunstâncias, na ocasião, efetivamente insuperáveis, no plano físico. Ao contrário, você as aceitou, com resignação e altivez ímpares, conformando-se com a vontade superior, entregando-se aos desígnios divinos, sem revolta, com uma complacência e uma suavidade nobres de quem sabia que cumpriu a sua lenda com amor e dignidade.
Por fim, resta citar, ainda sob forte emoção que esta abordagem me causa:
"Nunc dimittis servum tuum, Domine"
"Agora, Senhor, já podes deixar ir o teu servo"
OU SEJA,
O desapego à vida e a tranquila aspiração à paz eterna fazem parte da realidade espiritual dos que aqui estiveram, entre nós, com a louvável missão de elevar a humanidade a um patamar de solidariedade e de entendimento fraternal completo e indestrutível, visando à comunhão universal.
Mas, emocional e espiritualmente, há pessoas cuja luz, presença, postura e caráter jamais serão substituídos por quem quer que seja, sem que isso implique em tirar ou não reconhecer o grande mérito das demais pessoas a quem amamos ou conhecemos.
Em tal contexto, incluo o meu pai, José Pompílio da Hora, insubstituível sim, não apenas para mim, mas para a minha caríssima mãe e para os meus irmãos. O que nos mantém radiantes, conformados e positivos, além de nossa religiosidade, é o seu legado de honradez moral e de valores éticos com que nos agraciou ao longo de seus 74 anos.
Dando sequência, com certeza, conheci, também fora da esfera familiar, outras pessoas a quem a morte me privou precocemente de um maior convívio, mas cuja energia e essência espiritual, não houve quem substituísse na minha estrutura emocional. E passe o tempo que passar, tais pessoas estarão sempre cravejadas em mim.
Assim sendo, vou, agora, prestar não uma homenagem póstuma, até porque se trata de alguém a quem a implacável morte realmente levou fisicamente, mas jamais a levará, do meu interior, enquanto eu estiver igualmente "por aqui".
Minhas singelas mas emocionadas palavras de lembrança, agradecimento e de saudade são dirigidas a uma das raras profissionais da Medicina, que a exerceu com humildade, sabedoria e amor ao próximo, de uma forma incomum e seguramente bela. Não, não tenho como associá-la e mantê-la em um passado ou admitir que deixou de existir em sua plenitude espiritual. Não seria verdade. Seria até injusto.
Falo da Dra. Regina Lucia de Albuquerque, Médica que, por mais de dez anos, cuidou da minha saúde física e emocional, com uma gentileza, paciência e profundo conhecimento de sua área como ninguém. Sem falar do bom humor e extrema delicadeza com os seus pacientes, não deixando de ser "dura" e exigente quando tinha de ser e "aliviando", quando reconhecia o esforço e a garra de seu "eleitorado" para seguir as suas determinações médicas. Digo "eleitorado" por que Regina, a quem eu assim carinhosa e respeitosamente chamava, era o tipo de Médica que mantinha os seus pacientes, em quase a sua totalidade, transformados em amigos, como fiéis eleitores à sua cartilha de dedicação e de profissionalismo inquestionáveis. Sim, todos a teriam eleito como uma das melhores médicas da atualidade, se eleições existissem em tal sentido.
Por isso, quero apenas deixar registrado, por palavras, o meu acanhado agradecimento a quem, num campo tão difícil de atuação, sempre se pautou pela ética, na responsabilidade de suas decisões médicas e no tratamento aproximado e preocupado com seus pacientes, como um todo, nos aspectos físico e emocional.
Regina nos deixou aos 54 (cinquenta e quatro anos), salvo engano, mas a prescrição médica de amor ao próximo e a seu ofício, essa ela tornou indelével no emocional de quem a conheceu e teve, além do benefício do seu correto e técnico tratamento para o físico, o conforto, a palavra amiga e o companheirismo para os embates emocionais inerentes a todos os seres humanos, passíveis que somos de altos e baixos, de tristezas e alegrias, de coisas boas e das não necessariamente positivas, ao longo da vida .
Nos últimos tempos, minha doutora passou por uma prova de saúde bastante crucial e em um de seus últimos e-mails, por mim arquivados, me disse que estava feliz por retornar a seu consultório, nas seguintes palavras: " Querida Ana, estou voltando.....e esse negócio de atender um dia e não conseguir dar continuidade aos meus pacientes, me sentia irresponsável, sei que decidi o mais difícil....E atender é extremamente agradável...".
Ok, Regina, minha eterna doutora, continue atendendo com a sua indiscutível responsabilidade, agora, daí, de um plano a sua altura espiritual.
Em princípio, não existe beleza e nem vitória diante da morte.
Mas você, minha para sempre doutora, provou que nada ou nenhum contexto, por mais adverso que tenha sido, saiu vencedor diante da sua garra e da sua magnitude como pessoa. Até a sua morte, você a sublimou. Você não se entregou diante das castigantes circunstâncias, na ocasião, efetivamente insuperáveis, no plano físico. Ao contrário, você as aceitou, com resignação e altivez ímpares, conformando-se com a vontade superior, entregando-se aos desígnios divinos, sem revolta, com uma complacência e uma suavidade nobres de quem sabia que cumpriu a sua lenda com amor e dignidade.
Por fim, resta citar, ainda sob forte emoção que esta abordagem me causa:
"Nunc dimittis servum tuum, Domine"
"Agora, Senhor, já podes deixar ir o teu servo"
OU SEJA,
O desapego à vida e a tranquila aspiração à paz eterna fazem parte da realidade espiritual dos que aqui estiveram, entre nós, com a louvável missão de elevar a humanidade a um patamar de solidariedade e de entendimento fraternal completo e indestrutível, visando à comunhão universal.
Ana Maria Martins Pompílio da Hora