Para minha mãe, Nair


Nós, feito irmãs siamesas,
com as vidas misturadas
misturadas tal as horas...
Paineira, Sol, Lua, estrelas

projetos, ruas, família...
sempre do lado de fora.
Pudera ter sido a vida
realmente uma outra coisa

não o foi, é o que é
a vida, o que se tornou
- honrosa exceção de amor
uma prima, que irmã é

e outras, poucas, mulheres
que nos dão do seu suporte.
Os seres de nossas vidas
sempre ausentes, sempre alhures...

Quão grandes suas agruras
eu o sei, e desconheço
hoje, o outrora íntimo...
Já não há verbo que apure

nem silêncio, o que já fomos.
Sei da dele solidão
dos frutos desperdiçados...
Sei dos talvez, sei dos nãos.

Sei, não sei, e pouco ampara
no silêncio desta sala
este destino severo
que em nossos rostos se cala.

Mais um ano, nestas festas
aqui, sozinhas à mesa
eu e tu, minha menina,
crianças de arisco afeto

real, embora. Eu te peço:
Põe tuas mais belas roupas.
Que de algum modo o avesso
de tal Solidão se faça

e eu te prometo o mesmo:
Belas roupas em meu corpo
ceias para nosso alento.
Bem antes da meia-noite

tu, no abrigo do teu quarto,
eu, nesta sala, em silêncio
com os sonhos que não ouso
e meu vinho. Mãe, a bênção!


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A vocês, amigas-irmãs queridas, cada qual em seu próprio espaço, nestes tempos de sagrações e de passagens, minha sempre gratidão, meu sempre 'muito obrigada'.
Da esquerda para a direita: Francieli, Márcia (minha prima), Maria Helena, Valéria.




 Uma rosa orvalhada, para todas e para uma de vocês.