DEVIA SER COMO A CHUVA
para Belvedere Bruno
José António Gonçalves
(in «As Sombras no Arvoredo", pg. 74)
deveria o amor ser como a chuva
abraçar a terra cobrir o tempo
ir pelo mar adentro como quem chega a casa
e depois ressuscitar sempre nos verões
voando em direcção aos céus infinitos
e aí voltar de novo ao princípio
copiando a ave na queda do abismo
em dar o derradeiro movimento de asa
para retornar ao seu primeiro rumo
esquecendo tudo logo depois?
sim o amor deveria ser como a chuva
recolhida entre quatro mãos
divididas primeiro por dois
José António Gonçalves
(in «As Sombras no Arvoredo", pg. 74)