aos meu amigos GAUCHOS... com saudades desse meu RIO GRANDE...

Porto Alegre – Porto dos Casais...

Viver é preciso e quando vivemos como ciganos pelo Brasil, com certeza todos nos lembramos da estátua do Laçador quando descemos no Aeroporto Salgado Filho, e com muito orgulho o taxi passa bem de frente a essa primeira homenagem ao povo gaúcho...

Cheguei numa manhã de Julho, 07, num fim de semana com 1 grau positivo e um vento, do tal de Minuano que a sensação era de pelo menos 5 graus abaixo de zero...

Aquilo me assustou, pois era a primeira vez a conhecer o Rio Grande do Sul, mas foi um prazer enorme subir a serra logo no domingo com os amigos da empresa e fomos almoçar em Nova Petrópolis, pois disseram que a comida em Gramado além de caro o movimento e a espera para uma churrascaria seria bem demorada...

Assim paramos por 2 horas e almoçamos e saímos em direção a Gramado e Canela, e fomos apreciar a tal cascata de mais de 150 metros de altura, que a altura acaba volatilizando a água que cai, virando uma fumaça branca e pouca água chega às pedras lá em baixo, pois descer aqueles degraus até chegar e poder apreciar a bruma de água da cascata nem valeria a pena além do dia frio e um sol que não nos aquecia o suficiente para achar e ter coragem de descer até as pedras...

Só tivemos tempo para apreciar e comprar os famosos chocolates de Gramado, sem dúvida, são deliciosos e o café colonial na região é um verdadeiro almoço pois tem de tudo, guloseimas, bolos, suco, e pode ficar a vontade de apreciar tudo ao preço já previsto que um cidadão coma no máximo de 1,00 kg até 1,50 kg...

Ainda em alguns restaurantes na hora do almoço o sistema “Self service” lhe permite um sorteio de que se acertares o peso antes da balança confirmar tu comes de graça, como brinde da casa, mas vi que em centenas de pessoas apenas uma delas acertou o peso até a casa centesimal, ou seja 1,50 kg.

Viver na região será difícil de manter o peso pois são muitos prazeres da carne e de tantas opções de massas e receitas maravilhosas de comidas típicas, mas imprescindível o Chimarrão quente... que me lembro até da piada do Paulista e do Gaúcho...

Um Paulista foi visitar um amigo Gaúcho que teve o prazer de dar as boas-vindas com um delicioso Chimarrão de mate verde...

Afoito, e querendo ser educado e sem ainda ter experimentado esse paulista como eu... ao tomar de vez sentiu...

- Quente demais, gaúcho... me queimou toda a boca e a língua!!!

- Tu que é fraco ... tchê... mate quente desinfeta qualquer garganta da gripe que paulista pega fácil aqui pelo Sul ...

- Pode deixar que me acostumo, e quando fores a S. Paulo, vou te preparar um Chimarrão para tu não botar defeito...

Assim passaram alguns meses e o Gaúcho veio a S. Paulo visitar o Paulista...

- E ai tchê, cadê aquele mate quente que tu prometestes quando eu viesse te visitar ???

- Vou lá preparar o teu mate amigo, me espere aqui!!!

Assim o paulista foi a cozinha e esquentou a água até borbulhar e colocou na cuia e a bomba e levou para o Gaúcho...

- Bah... tchê tá gelado este mate tchê... esquenta esse negócio e me traz outro ...

O paulista foi esquentou tudo de novo inclusive bomba, e levou para o Gaúcho...

- E ai gaúcho que tal, e agora está quente ...???

- Que nada tchê, está ainda muito morno... eu gosto de mate quente ... tchê...

Daí de novo o Paulista ... esquentou ao máximo e colocou de propósito a bomba no maçarico da boca do fogão que chegou a bomba ficar vermelha de quente e levou para o gaúcho...

Quando o Gaúcho colocou a bomba na boca que chegou a colar os lábios e sair lágrimas dos olhos de tão quente que estava e o paulista pergunta:-

- E ai, gaúcho agora está quente que queimou tua boca toda que até chorou???

- Que nada tchê... saudades do meu Rio Grande... tri legal ... barbaridade... amigo!!!

Assim somos nos paulistas e gaúchos, e quando aprecio o mate sou mais o Tererê que é o mate frio que não tem perigo de queimar a nossa garganta ainda não acostumada ao calor do mate dos chimarrão principalmente no inverno que é o costume de todos levarem a sua cuia e a sua garrafa térmica com a água pelando de quente e o mate verde no embornal que não pode faltar e a guaiaca, que é um cinto tão largo e para combinar com a bombacha e a bota de cano alto... típico traje gaúcho, e que ainda com o poncho que cobre ele e o cavalo quando galopa pelos pampas ...

Gosto demais da camaradagem desse povo sulino que não mede esforços para te deixar a vontade, principalmente quando tu vais assistir um jogo do Grenal no antigo Beira Rio, que agora com a Copa deve ter ficado muito lindo e bem organizado, mas menos quente com as brigas do empurra todo mundo e que até morreu alguém pisoteado ou o alambrado caia e o pessoal invadia o gramado...

Ao assistir um Grenal( jogo em Grêmio x Internacional ), dois gaúchos saem na rua e veem que perderam seu carro...

Sabes a marca do carro deles????

- Kadetche????

Sorria, a piada é infame, mas todos nos divertimos por lá, pois eles mesmos contam suas piadas tradicionais entre eles e os barrigas verdes que são os catarinenses, desde a Guerra dos Farrapos, que os Catarinas usavam um lenço verde na cintura para se diferenciar dos Gaúchos...

Mas as piadas são proibidas nesse espaço, pois mexem com a hombridade dos catarinas e dos gaúchos...

Os Catarinas dizem que o Gaúcho tem limo nas costas e por isso o Catarina tem a barriga verde ...

E o gaúcho diz que não é nada disso que quando os dois fazem amor, o Catarina esfrega demais a sua barriga na grama...

Viver nesse terreno da masculinidade e com tantas piadas e folclores, todos dançam o Valerão em que todos dançam em círculo e todos para o mesmo lado, e na primeira vez que tentamos participar foram tantas as trombadas com os demais casais que fomos expulsos do baile...

Ao deixar Canoas, Montenegro, Novo Hamburgo e Porto Alegre, com certeza estamos saudosos dos maravilhosos churrascos que pudemos apreciar principalmente as costelas lentamente cozidas a distância com fogo no chão como lá se faz e o sabor da carne ou da gordura queimada devagar fica tão deliciosa que é inesquecível o sabor da Picanha gorda, macia sangrando...

Como bom peão fomos em exposições que eles fazem anualmente do gado nelore e são reses que são vendidas já prenhas para quem quiser formar seu gado, mas seus custos se levar o macho com certeza vai custar pelo menos uma camionete Hilux...

Vivendo e aprendendo que cada povo tem a sua cultura e o Gaúcho preza muito as suas festas e que todos se vestem a caráter inclusive as crianças de prenda e os meninos de bombacha e botas e formam casais e dançam suas danças típicas do folclore nas festas de CTG, vide abaixo para conhecer um pouco da tradição das danças típicas do sul ...

- Anu: Dançada primeiramente em Portugal, caracteriza-se por ter duas partes bem distintas, a primeira, um minueto (dança de caráter cerimonioso) e a segunda, o sapateio (parte alegre, viva). É dançada com pares soltos. Gozou de alta popularidade em meados do século passado.

- Balaio: Contribuição dada pelos açorianos, teve bastante aceitação pelo povo brasileiro em geral. Na coreografia as mulheres giram rapidamente sobre os calcanhares e se abaixam fazendo com que o vento se embolse nas saias, dando aspecto, de um balaio. Dança-se com pares soltos e independentes. Caracterizada pela formação de duas rodas.

- Cana-verde: Dança de roda vinda de Portugal, tornou-se popular em todo Brasil, cada estado adotou sua variante da original, caracteriza-se pelas trocas de pares da direita e da esquerda.

- Caranguejo: Não se sabe ao certo a origem dessa dança de roda, sabe-se apenas que há referências desde o séc. XIX, caracterizada pelo balancê das prendas e pela troca constante de pares.

- Chico Sapateado ou Chiquinho: Apresenta coreografia em que ora o par se enlaça, normalmente pela cintura como nos dias atuais e executa passos de polca, ora tomam-se pelas pontas dos dedos da mão direita e realizam giros e sapateios.

- Chimarrita: Trazida pelos açores, com o nome de “Chimarrita”, passou da coreografia de pares enlaçados (dançava-se uma mistura de xote e valsa) a atual coreografia, caracterizada por fileiras opostas de peões e prendas que encontram-se e desencontram-se num ritual de namoro, passando a chamar-se de “Chimarrita”.

- Chimarrita-balão: Semelhança com a tradicional “Chimarrita” só no nome. É assim chamada pôr ser uma dança de roda, em forma de balão, durante a dança os pares e a roda giram juntos.

- Xotes Carreirinha: Do francês “schothisch”, veio para o Brasil devido a necessidade de danças de pares enlaçados. O carreirinha foi muito dançado aqui no Sul, é uma das mais simples coreografias dos xotes. Como a rancheira caracteriza-se pelos passos de juntar da chamada “Carreirinha”.

- Xote das Setes Voltas: A peculiaridade dessa dança, o próprio nome já diz, as setes voltas que o par deve realizar na valseadinha da dança, girando num sentido, e de imediato, em sentido contrário.

- Xotes de Quatro Passi: Outra variante dos xotes, de origem italiana, conserva-se ainda hoje a letra da melodia.

- Xote Inglês: Suas características dão a impressão de ser tema do ciclo dos Palácios Europeus. Como o Anu e a Quero-mana, divide-se um duas partes, a primeira, cerimoniosa, a segunda, um xote bem descontraído.

- Xotes de Duas Damas: Essa é uma dança excepcional, não só no meio gauchesco mas também no meio universal, pois um único homem dança com duas mulheres ao mesmo tempo.

- Maçanico: Uma das danças mais alegres do Rio Grande do Sul. É uma coreografia de fácil aprendizagem. Pôr suas características, diz-se que foi trazida pelos portugueses, principalmente à Santa Catarina e depois ao Rio Grande Do Sul. O nome advém de uma ave sul brasileira de nome “Maçanico”

- Meia-canha: Dança em que se postam, homens e mulheres em círculo a rodar. Sua principal características são as trocas de versos.

- Pau-de-fitas: Considerada a “dança universal”, a origem dessa marca tão difundida, se desconhece. No Brasil, dançava-se a “Dança das Fitas” nas Festas de Reis, cada Estado adotou um nome próprio e figuras diferentes. No RS, dança-se atualmente três figuras: a trama, a trança e a rede de pescador.

- Pezinho: A dança mais popular do folclore rio-grandense. É uma dança simples de caráter totalmente contagiante. Caracteriza-se pela obrigatoriedade dos pares cantarem a melodia a não apenas executarem os passos.

- Quero-mana: Tornou-se popular também em SC e PR, quando estavas prestes a desaparecer, adquiriu uma força vital que a fez perdurar. Assemelha-se com o Anu, a primeira parte, um minueto e a segunda, um bate-pé executado por peões e prendas.

- Rancheira de Carreirinha: A rancheira foi muito popular no Uruguai e Argentina. Caracteriza-se pela “carreirinha” que são passos de juntar, nessa, a letra da música, é um convite a bailar a rancheira – Vem cá, vem cá, minha linda gauchinha. Pra nós, dançar, rancheira de carreirinha.

- Rilo: Vinda da Escócia, tornou-se popular no RS em meados do séc. XIX, dançada em roda, é uma coreografia de três figuras básicas, onde há troca de pares constante. É uma dança onde deve-se expressar alegria e vivacidade.

- Roseira: Dançada em roda, com pares dependentes, assemelha-se com a “Chimarrita-balão”, dançada num ritmo mais lento, compreende duas figuras básicas: a roseira e o xote.

- Sarrabalho: De origem Ibérica, é dançada com pares soltos, caracteriza-se pela dama acompanhar o cavalheiro no bate-pé (sapateio), ambos usam os movimentos da castanholas.

- Tatu “com volta no meio”: O tatu caracteriza-se pôr ser uma história contada em versos – Eu vim pra contar a história de um tatu que já morreu, passando muito trabalho pôr esse mundo de Deus … – é dançada pôr pares independentes, chama-se “com volta no meio”, pelos giros que a prenda faz durante a voltinha no meio.

- Tatu de Castanholas ou Tatu Novo: Diferencia-se do outro tatu por ser uma dança de pares soltos e independentes. Originou-se no 35 CTG, sua principal características é o sapateio executado pelos peões, um sapateio fixo e dinâmico.

- Tirana do lenço: De origem espanhola, é dançada ora com pares soltos ora com pares ligados pelo lenço. Existem vários tipos de tirana. As mais conhecidas são a “Tirana do Ombro”(peões e prendas tocam-se nos ombros) e a “Tirana do Lenço”(peões e prendas acenam lenços em gestos amorosos), hoje a atual tira na dançada no Estado.

Amigos e trecheiros que adoram dançar e querem aprender aproveite e curta as festas do CTG, pois existe muitos CTG nos estados do Sudeste ... de S. Paulo até o Rio Grande do Sul ...

Agradeço a cooperação das informações precisas para que quem goste possa aprender e possa transmitir aos seus filhos que o Brasil precisa sim, conservar suas raízes e mostrar a sua cultura, seja na dança, na música, ou até mesmo no folclore das crendices populares...