Dia das bruxas
Sabe aquela personagem com poderes especiais, capaz de feitos inacessíveis a pessoas comuns?... Sim, ela, a bruxa...Retire a representação do mal (que se presta a ensinar às crianças que, na vida, existem situações e pessoas que nos apavoram) e lá estará a mulher, cujo caldeirão é o seu próprio ventre, capaz de gerar e acolher a mágica da vida; que faz uso das colheres de pau para preparar poções e iguarias que se inscrevem, em todos os tipos de alimentos, eternamente, na memória afetiva de quem se delicia; que afasta, com o punhal da sua alma – a coragem – as forças negativas que pretendam impedi-la de ir à raiz de si. Ela é, por fim, aquela cujo óleo mágico – suas próprias lágrimas – purifica os instrumentos dos seus rituais cotidianos de doação e para quem o livro das sombras, sede das receitas e dos conhecimentos que ficam registrados para a posteridade, não é, senão, o próprio livro do mundo, no qual vai se escrevendo a história da humanidade e todas as suas magias.