Bandeirantes do século XXI
* Prof. Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro
A vida esguicha como uma fonte para aqueles que perfuram a rocha da inércia. Alexis Carrel
Nasceu em Lyon, no dia 28 de junho de 1873 e faleceu em Paris, no dia 05 de novembro de 1944. Foi médico, biologista, fisiologista e escritor.
1. Introdução
Como parte das comemorações dos trezentos anos de emancipação política de Pitangui e criação da sétima Vila do Ouro, no dia 16 de outubro de 2015, o Poder Executivo promoveu brilhante e concorrida sessão solene para entrega da Medalha Domingos Rodrigues do Prado e o respectivo certificado a pessoas que contribuem com o progresso de Pitangui e região.
Na abertura dos trabalhos, o Secretário de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico, Dr. Antônio Marcos Lemos, e o Prefeito Municipal, Dr. Marcílio Valadares, explicaram os critérios utilizados para a escolha dos agraciados e disseram que não foi tarefa fácil, porém se sentiam gratificados, pois “ as pessoas que foram homenageadas constituíam, de forma insofismável, uma constelação de notáveis que, em muito, colaboram com o progresso de Pitangui e região”. Desse modo, sem nenhum favor, com o necessário respeito ao tempo e à proporcionalidade, são os agraciados, verdadeiramente, os bandeirantes do século XXI. Os seus trabalhos, o entusiasmo e a perfeição consagrados aos diversificados campos de atuação contribuí, sobremaneira, para o progresso e o desenvolvimento de todos os povos. Portanto, a exemplo do que fizera antanho, o bandeirante e líder Domingos Rodrigues do Prado, patrono da Medalha, os homenageados o fazem hoje.
2. Domingos Rodrigues do Prado
Nasceu em Taubaté e veio para Minas Gerais na busca de índios para aprisionar e, sobretudo, descobrir as minas de ouro e diamantes, sonho maior dos bandeirantes. Durante sua permanência em Pitangui, revelou-se um ferrenho opositor às determinações portuguesas e esteve presente e à frente de todos os levantes. Levantes que serviram de estímulo a outras Vilas, inclusive a portentosa Vila Rica, pela sedição protagonizada por Felipe dos Santos.
Acerca de Domingos Rodrigues do Prado, ensina Raimundo da Silva Rabello:
Domingos Rodrigues do Prado, o “paulista absoluto”, já foi muito citado nestes apontamentos. Taubateano, tinha a têmpera de ferro dos antigos bandeirantes paulistas, com tradição da impetuosidade e do desassombro. [1]
Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, a Coroa Portuguesa implantou a cobrança de um novo imposto denominado de Quinto Real, orçado em oito oitavas de ouro por bateia, o que não agradou aos mineradores.
Em Pitangui, esse desagrado materializou-se em resistência e revoltas, lideradas por Domingos Rodrigues do Prado, juntamente com seu sogro, o Anhanguera, com o apoio de bandeirantes e mineradores.
Em igual sentido ensina Fernando Martins Ferreira:
Ninguém paga! Foi a ordem de Domingos Rodrigues do Prado. Os cobradores do reino que ali estavam, Jerônimo e Valentin Pedroso, foram atacados pelo povo enfurecido e assim feriram o primeiro e mataram o segundo. Era a primeira sedição nativista que se levantara nas Minas do Ouro e na Colônia contra o Capitão General, Governador e El-Rey. O povo se armou e aguardou os passos da Coroa. O Governador, Dom Brás Baltazar da Silveira, substituiu Antônio de Albuquerque e houve por bem perdoar os sediciosos. O Rei concordou com o perdão. [2]
Mesmo obtido o perdão, os enfrentamentos e as desinteligências continuaram e o povo de Pitangui e seus líderes eram vistos com reservas e conhecidos como exportadores de rebeldia.
Novo e importante embate deu-se no final do ano de 1719, pois o governo português da Vila estabeleceu o monopólio da cachaça, o que fez cessar repentinamente a renda de inúmeros produtores e, assim, da pinga aos diamantes, tudo poderia passar ao monopólio estatal, chamado estanco.
Diante dessas extorsões, Domingos Rodrigues do Prado, mais uma vez, incita a população a acompanhá-lo em outro levante, que culminou com a revogação do Ato.
Esse fato aumentou a ira do governador da capitania, dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar, que o denominou de Motim da Cachaça. Para combatê-lo, organizou um exército com aproximadamente 500 homens contra 400 pitanguiense. Depois de sangrenta luta, as tropas portuguesas tomaram a cidade, prenderam, julgaram e executaram sumariamente os lideres e participantes, inclusive escravos e índios.
Não conseguiram aprisionar Domingos Rodrigues do Prado, que seguiu para Goiás, onde viveu e encontrou novas minas. Faleceu em 1738, já velho e doente, quando retornava para São Paulo.
Portanto, a vida e os atos do Patrono da Medalha materializam o trabalho, a coragem, a determinação, a insubmissão e a incansável luta pela liberdade.
3. Professor Faiçal David Freire Chequer
O Professor Faiçal David Freire Chequer, entre suas múltiplas habilidades, atuações e formações, destacam-se: graduou em Direito e Letras. Jovem ainda, com apenas 23 anos, ingressou no Ministério Público. Prestou relevantes serviços em várias Comarcas. Em 1974, veio para Itaúna, para ocupar o cargo de Primeiro Promotor de Justiça da Comarca, cargo que exerceu com isenção, brilhantismo e elevado espírito público.
Exerceu o magistério nas Faculdades Reunidas do Centro-Oeste Mineiro – FADOM – Divinópolis – MG. Leciona no Curso de Direito da Universidade de Itaúna, onde é admirado e respeitado por toda comunidade acadêmica.
Ao aposentar-se no Ministério Público, foi convidado para assumir a Reitoria da Universidade de Itaúna - UIT. A tenacidade e a determinação de seu trabalho transformaram a Universidade de Itaúna em uma Grande Universidade, que presta relevantes serviços ao município e a região. A abertura de novos cursos e a modernização do ensino aumentou, sobremaneira, o número de alunos e a qualidade de seus cursos. Prova insofismável dessa assertiva encontra-se nas notas atribuídas pelas avaliações de cursos feitas pelo MEC, com uma única exceção, todos os outros cursos obtiveram nota 4 ou 5.
Essa qualidade foi reconhecida e também se materializa com a outorga de títulos de instituições do Brasil e do exterior, entre eles o Consejo Iberoamericano en Honor a la Calidad Educativa, que outorgou à Instituição o Certificado Internacional de Excelência Educativa en Iberoamérica e ao Homenageado os títulos: Doctor Honoris Causa de Iberoamérica e Magister en Gestión Educativa de Iberoamérica.
Considere-se, ainda, que o Prof. Faiçal David Freire Chequer, homenageado com a Medalha Domingos Rodrigues do Prado foi membro do Conselho Estadual de Educação, é Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB e membro da Academia de Ciências Econômicas, Políticas e Sociais – ANE, com sede no Rio de Janeiro – RJ, e da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, com sede em Cordisburgo – MG.
4. Professor Raimundo da Silva Rabello
O Professor Raimundo da Silva Rabello é economista e ex-funcionário do Banco do Brasil. Foi professor e coordenador do Curso de Economia da Universidade de Itaúna. Além de sua respeitabilidade como funcionário público se destacava como professor e coordenador. Seus ex-alunos ainda o reverenciam e o respeitam pela sabedoria com a qual conduzia suas aulas e pelo equilíbrio, seriedade e cordialidade que conduzia a coordenação do curso.
Além das qualidades mencionadas, o Professor Raimundo da Silva Rabello é também artista da clave, da métrica e da pesquisa. Sabe-se que, de sua pena, já brotaram vários sambas enredos, que alegraram vários carnavais e, como pesquisador, o seu livro o “Pays de Pitanguy” revelou o artesão das palavras e o pesquisador no sentido real da palavra.
Na elaboração de sua obra não teve pressa, não teve vaidade, e sim compromisso com a história e com os leitores do presente e do futuro, fornecendo-lhes verdades históricas, algumas até então não reveladas, e o fez na proporção do possível, escudado na melhor doutrina e nas fontes primárias.
Registre-se, ainda, a percuciência e o compromisso com a pesquisa revelada no livro o Pays do Pitangui, o que lhe permitiu ingresso no respeitado Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, na condição de sócio correspondente.
5. Conclusão
Pelo exposto, embora relatado de forma sintética, pode-se avaliar a importância e a grandeza do Patrono da Medalha Domingos Rodrigues do Prado e dos homenageados Prof. Faiçal David Freire Chequer e Prof. Raimundo da Silva Rabello.
Desse modo, congratulamos com os filhos de Pitangui e com suas autoridades pelos 300 anos de emancipação política e da criação da Sétima Vila do Ouro e, sobretudo, agradecemos-lhes por estenderem a honraria – Medalha Domingos Rodrigues do Prado - aos Professores Faiçal David Freire Chequer e Raimundo da Silva Rabello, homens que, pela coragem, determinação, aversão à inércia, seriedade e por seus elevados e incansáveis trabalhos, contribuem diuturnamente com o progresso de Itaúna e região.
Itaúna - MG, 18 de outubro de 2015.
Notas:
1. RABELLO, Raimundo da Silva. O payz do Pitanguy. Itaúna: Vile Editora e Escritório de Cultura, 2014. p. 72.
2. FERREIRA, Fernando Martins. Reminiscências do Centro-Oeste Mineiro. Pará de Minas: Virtualbooks, Editora e Livraria Ltda., 2010. p. 37.
Bibliografia
FERREIRA, Fernando Martins. Reminiscências do Centro-Oeste Mineiro. Pará de Minas: Virtualbooks Editora e Livraria Ltda., 2010.
RABELLO, Raimundo da Silva. O payz do Pitanguy. Itaúna: Vile Editora e Escritório de Cultura, 2014.
RIBEIRO, Arnaldo de Souza. Pitangui: suas histórias, suas heroínas e seus heróis. Disponível em : < http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3306962 > Acesso em 30.10.2011.
Obs. Publicado no JORNAL BREXÓ, Itaúna, sábado, 24 de janeiro de 2015, Ano 37, N. 1994 – Página 12.
* Arnaldo de Souza Ribeiro é Doutor pela UNIMES – Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN – Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática do Ensino pelas Faculdades Claretianas – São José de Batatais – SP. Coordenador e professor do Curso de Direito da Universidade de Itaúna – UIT – Itaúna - MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise – ESFLUP – Nova Iguaçu - RJ. Secretário Adjunto e membro da Comissão de Direito Imobiliário da 34ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB – Itaúna – MG. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise – ABRAFP – Belo Horizonte - MG; membro do Instituto Mineiro de Direito Processual – IMDP – Belo Horizonte – MG; sócio fundador e secretário do Instituto Mineiro de Humanidades – IMH – Itaúna – MG e membro do Instituto do Direito de Língua Portuguesa – IDILP – Lisboa. Advogado e Conferencista. arnaldodesouzaribeiro@hotmail.com