Gustavo Krause – O Ministro da Alegria e Entusiasmo

Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho é um advogado reconhecido pela sua extensa e bem-sucedida carreira pública. Ocupou inúmeros cargos importantes: professor, vereador, prefeito, secretário estadual, vice-governador e governador. Entretanto, sua maior contribuição veio ao ocupar o Ministério do Meio Ambiente, consagrando-se como líder inteligente, carismático e agregador – razões que surtiram em conquistas grandiosas para a área ambiental.

Nascido na pequena cidade de Vitória de Santo Antão, no sertão pernambucano, de onde saiu para brilhar no cenário nacional: Gustavo Krause é a prova viva de que um líder forte pode fazer a diferença, levando sua equipe a superar desafios na construção de grandes realizações!!!

Veio para Brasília a convite do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995, na missão de conduzir um Ministério bem novo, com pouco mais de 2 anos. Curiosamente, o IBAMA foi criado em fevereiro 1989 e o Ministério do Meio Ambiente surgiu somente em outubro de 1992, ou seja, “o filho nasceu primeiro que o pai” – esse era um comentário que demonstrava a dificuldade inicial nas relações entre as duas instituições.

Enquanto o IBAMA já era uma instituição amplamente reconhecida e valorizada, o Ministério do Meio Ambiente estava dando os primeiros passos para se firmar perante a opinião pública nacional. Com a chegada de Krause um espírito de grandeza tomou conta dessas instituições, dissuadindo eventuais divergências e conflitos, trazendo uma energia positiva extraordinária na união, empenho e dedicação pela causa ambiental.

Gustavo Krause é um genuíno nordestino, alegre, engraçado, criativo e comunicativo. Quem conhece sua trajetória sabe bem que ele sempre viveu cercado de familiares e amigos, especialmente músicos, poetas, idealistas e boêmios. Gosta de cantar, dançar, recitar poemas e compor melodias. Trouxe para Brasília essas qualidades para fazer uma gestão diferenciada.

De 1995 a 1998, o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA viveram momentos inesquecíveis. Inúmeros avanços na política ambiental marcaram este período.

Krause estabeleceu intensa parceria com os veículos de comunicação. Era o primeiro a procurar jornalistas e repórteres para tratar de assuntos ligados à sua pasta, bons ou ruins, não fugia de dar explicações, assumir responsabilidades e procurar consenso na resolução de problemas complexos.

Fez uma gestão plural e democrática. Artistas, intelectuais, pesquisadores, professores universitários, empresários, políticos, lideranças de movimentos sociais, indigenistas e militantes de organizações ecológicas ... o número de parceiros e segmentos presentes nas suas propostas e iniciativas eram realmente variados e constantes.

Ele sabia muito bem como era fazer parte do Nordeste. Tradicionalmente, são pessoas do Sul e Sudeste que ocupam cargos importantes em Brasília. Krause, como verdadeiro nordestino, deu especial ênfase às demais regiões do Brasil, especialmente a Amazônia.

O governo federal incorporou definitivamente políticas de desenvolvimento na região amazônica e a preservação de suas florestas se tornou mais explícita. Em 1996, com os Programas Brasil em Ação e Avança Brasil (PAB), houve um crescimento econômico da Região Norte, o que exigia medidas para garantir a proteção dos recursos naturais. Nesse sentido, a Presidência da República editou a Medida Provisória nº. 1.511/96, elevando de 50% para 80% o limite das áreas de Reserva Legal dentro dos imóveis rurais situados na floresta amazônica.

O Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), constituído como o maior programa de cooperação multilateral relacionado à temática ambiental de importância global, estava em pleno desenvolvimento. Esse Programa era financiando pelo Grupo dos 7 países mais ricos e o Ministério do Meio Ambiente era seu executor, com a finalidade de implantar estratégias inovadoras para a proteção e o uso sustentável da floresta amazônica e da Mata Atlântica, associadas a melhorias na qualidade de vida das populações locais.

Por meio do PPG-7, o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA lideraram o fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), apoiando a estruturação dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMA), com aquisição de equipamentos, transferência de tecnologias, capacitações etc. Também houve estímulo para criação dos Batalhões e Companhias de Policiais Militares especializados para combater os crimes contra a flora e fauna. As ações entre os governos federais e estaduais progressivamente foram integradas e aperfeiçoadas.

Quedas significativas do desmatamento ilegal na Amazônia foram registradas durante a gestão de Krause. O combate às queimadas ganhou projeção com a formação do Programa PREVFOGO.

Em 1997, houve o evento de assinatura do Protocolo de Kyoto, para redução das emissões de carbono. Desse acordo surgiram inúmeras iniciativas e programas governamentais, com enorme volume de recursos financeiros que fortaleceram os trabalhos desenvolvidos pelos órgãos ambientais brasileiros.

A aprovação da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) trouxe maior clareza e agilidade no confronto aos ilícitos. Diversas questões, antes divididas em várias leis, foram reunidas numa só norma legal, facilitando o trabalho dos fiscais e técnicos federais. Além disso, as penas e multas passaram a ter valores mais altos, proporcionando melhores condições para punir os infratores e garantir a preservação do imenso patrimônio natural de nosso país.

As pessoas viam as coisas boas acontecendo, todos se sentiam livres e capazes de fazer acontecer. Espírito inovador, liberdade criativa, espaço para proposição de idéias e sugestões faziam parte do cotidiano. Essa conjuntura de fatores criou um sentimento de valorização no corpo funcional do IBAMA, uma sensação de auto-realização no ambiente de trabalho.

Para muitos servidores, a questão salarial e o ganho de diárias não eram tão importantes. As ações e conquistas tinham forte sentimento de coletividade. Todos trabalhavam arduamente e, quando a vitória chegava, a comemoração era grande. Mesmo com excesso de compromissos nenhum motivo fazia Krause e sua equipe deixar de comemorar.

As reuniões eram freqüentes e quem estava do lado de fora da sala podia ouvir gritos, mas não eram de xingamentos nem de represálias, eram gritos de ânimo e de comemoração dos resultados. E o melhor de tudo: a busca de resultados não visava somente aumentar a popularidade das autoridades ou melhorar os índices de aprovação do governo. Naquele período, os servidores cumpriam metas e exerciam suas atividades acreditando estar fazendo o melhor pela causa ambiental. O senso de responsabilidade, o otimismo e a alegria para agir em favor da natureza estavam realmente presentes no dia a dia. Assim era o clima que o Gustavo Krause trouxe ao Ministério do Meio Ambiente.

Os Presidentes do IBAMA, Raul Jungmann e Eduardo Martins, firmaram-se como parceiros essenciais na condução dessas ações e projetos.

A Associação de Servidores (ASIBAMA) viveu momentos intensos de afinidade com a gestão institucional. O administrador e jornalista Nilton Reis era o presidente da entidade à época e conduziu sua gestão nesse mesmo espírito de entusiasmo e dinamismo, com oferta de programação artística e cultural bastante diversificada – apresentações musicais, coral da ASIBAMA, recitais de poesia, teatro etc. Eventos esportivos e apoio aos atletas e familiares em maratonas, torneios de jiu-jítsu, karatê, competições de vôlei e futebol. Colônias de férias para filhos de funcionários e excursões para intercâmbios nas Unidades de Conservação do Distrito Federal e de outras localidades. Quem viveu aqueles tempos é categórico em afirmar que o sentimento festivo e de elevada autoestima eram os fios condutores que ligavam o Ministério do Meio Ambiente ao IBAMA e à ASIBAMA.

Começou e terminou sua passagem pela Esplanada com brilhantismo, deixando sua energia positiva reluzindo por muito tempo. Gustavo Krause – o Ministro da Alegria e Entusiasmo – líder de uma época maravilhosa que deixou saudades!!!

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Palmas - TO, Outubro de 2015.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187

Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 13/10/2015
Reeditado em 13/10/2015
Código do texto: T5413326
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