HOMENAGEM A UM AMIGO QUE PARTE

VAVILSON,

“A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace”

Victor Hugo

Neste dia de hoje uma triste notícia se abateu sobre mim com uma força extemporânea que me transportou para os idos tempos de minha adolescência em Bezerros, entre os meus “próceres”, entre os meus planos de vida e entre a alegria de conviver com Vavilson, que era um só, mas era tanto, muito querido, muito bem acolhido nos lares de antanho, adotado como o filho de todos os lares, amado por todos, personificava a alegria de viver, de ser, de existir e contagiar a todos com o seu palavreado risível e muitos deles se calaram em nossa memória como referência de um tempo feliz que passou, deixando ótimas recordações...

“Nego Vavilson” como eras carinhosamente chamado, filho do Cabo Jacinto, de Bezerros o filho amado, dos bezerrenses o companheiro desejado! Hoje partes, nos deixas coberto de uma imensa tristeza porque tu não eras somente de ti para ti, eras a alegria de todos nós! Em minha tela mental desfilam as tuas peripécias, sem um “joint venture” de um filho rebelde que dormia na cadeia, cama cativa para um filho desobediente do cabo Jacinto! Namorador que só, o desejado pelas belas senhoritas da sociedade sem esquecer os escaldantes encontros noturnos e obscuros com as “piniqueiras” ocasionais.

Não sei que bons ventos te levaram às terras paraenses e lá te fizeste, e lá te casaste, e lá firmaste um lar, e por lá espalhaste este teu carisma único de um ser que sempre esteve de bem com a vida. A morte passava longe, distanciada deste bem querer frenético chamado Vavilson. Bem sabia ele que enquanto existimos, não existe a morte, quando a morte se avizinha e se abate sobre nós, deixamos de existir... Foi justamente o que aconteceu contigo, meu nobre amigo! Enquanto tu pudeste, combateste o bom combate e morreste diversas vezes, porque aprendeste a derrotar a morte pela morte sem medo nenhum de nada nem da própria morte porque viveste feliz a cada instante, homenageando a vida sem servilismo à causa da morte... Suportaste a vida porque sempre estiveste pronto para viver ou morrer, aceitando as vicissitudes ocasionais... Trabalhaste bem, nobre amigo, foste perfeito em aplainar o teu caminhar terreno e, agora, diante da justiça divina, à mesa posta, estão os teus feitos. Permaneces vivo na memória dos que muito te admiravam e sobejamente te admiram mais ainda neste momento do “até Deus”....

“A fama é para os homens como os cabelos - cresce depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia”.

Alberto Einstein

Para ti, sobre ti, ó nobre Vavilson, este fraseado do grande cientista não se enquadra tão bem assim: os teus cabelos crescerão no túmulo é verdade, mas a tua fama foi viva enquanto circulaste entre nós, feito um beija flor, quando distribuías carinho e atenção a todos nós, deixando um néctar de otimismo e fé, mesmo depois de tua partida, permanecerá a tua fama sempre viva e lembrada, feito um anjo negro que realçou sobre a vida de todos nós, os que te amam! Sabes o motivo desta gloriosa homenagem post portem a ti, ó amigo de longas datas? Porque descobriste o segredo de amar incondicionalmente, e este modo de amar é infinitamente maior do que o segredo da morte.

No começo deste ano, tive a alegria em rever-te por ocasião do centenário de José de Felix. Em casa de Jarbas, estávamos Jofre, Jessé, Jarbas tu e eu, revivemos o teu passado glorioso vivido entre nós: as tuas inocentes aventuras, a tua ida à Marabá, a doação da imagem de São José ao Ginásio São José em Bezerros. Durante a festa do centenário, vestido à rigor, ostentavas uma linda vestimenta tecida em samakaka usada pelos nobres africanos e, observando ao longe, não foste muito para tanta gente que queria te abraçar...

Encerrando esta minha homenagem, meu nobre Vavilson, a Rua Vidal de Negreiros hoje chora a partida do filho amado, os teus passos estão gravados em suas calçadas como um marco de tua alegre presença naquela humilde comunidade toda feita de amor. Com certeza, na hora do ocaso, reviveste o teu passado entre nós, gravado à ferro e fogo como prova suprema aos que se dignaram ser teus amigos. Afinal, o amor é a compensação da morte, principalmente a tua morte, porque nunca temeste a vida e, obviamente, nunca temeste a hora de morrer. Sabes por que? Porque foste pleno em tudo neste vale de lágrimas que agora deixas e despertas para a vida eterna que te recebe de braços abertos.

Carlos Lira

Angelitos Negros - Raíces de América

Pintor que pinta con amor Por qué desprecias su color? Pintor nacido en mi tierra Con el pincel extranjero Pintor que sigues el rumbo De tantos...

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Enviado por clira em 27/09/2015
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