ROQUE SANTANA.

SEIS ANOS DE SAUDADE.

Com o tempo, a saudade deixa de ser uma "dor" e vira história pra a gente guardar e contar pra muita gente.

Há seis anos, amargamos a dor da saudade de Roque Santana. Choramos e sentimos muito. Hoje, no entanto, passado o luto, sentimos a sua falta; um sentimento diferente de saudade. A saudade bate no coração, estremece a alma e se transforma em lembrança. A falta congela, nos entristece depois do luto e não tem tempo para acabar...

Na vida, a "saudade" é a certeza que a pessoa vai voltar. Na morte, a "falta" é o querer ter de volta, mas sabe que não vai ter; é a morte da esperança.

Não há o que entender, apenas sentir... Sentir falta de tudo o que era seu e hoje nos falta... Sentir falta da sua presença, dos seus conselhos, do seu apoio, do seu acolhimento e do seu entusiasmo.

Roque foi o parente que eu não escolhi. No Dizer de Epícuro, o filósofo da amizade, todas as coisas que a sabedoria nos oferece para a felicidade da vida, a maior é a amizade. Quando se aceita um amigo, aceita-se um laço de alma para partilhar e se fazer presente na vida, até a morte...

Roque é a inesquecível pessoa que mesmo "ausente", sempre é lembrada, devido à grande semelhança de pensamentos, idéias e sentimentos. Ele não viveu para que a sua presença fosse notada, mas para que a sua falta seja sentida...

Mesmo morto, sinto a sua presença, sem ter necessidade de explicar o que estou sentindo. Sem dúvida, é um sentimento singular, discreto e independente. Tenho esse sentimento e não busco explicações. Uma saudade que nos faz lembrar do passado e nos traz um presente triste pela lembrança do que ficou do passado...

Hoje deveria ser um dia triste; mas é um dia apenas de lembranças e saudade... Decerto a dor não diminuiu com o tempo; nós é que ficamos fortes o bastante para suportá-la.

O que nos conforta, pois, é lembrar o que disse Guimarães Rosa: “As pessoas não morrem, ficam encantadas...”

Um floração póstuma, um réquiem de saudade, para o cunhado amigo Roque Santana, que voltou pra Casa do Pai e nos faz. Jota falta.

Saudades.

Manoel Lobo

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 13/09/2015
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