Borboletas Ur[m]anas
Acompanho-na. Tento aproximar-me vagarosamente, na possibilidade de analisar seus detalhes, cores, desenhos. Até que, inesperadamente, minha cadela dispara em sua direção, como um míssil pré-programado a perseguir o inimigo. Abro-me em um sorriso ao observar a cena. Sinto-me na simplicidade da vida. Um bucolismo estarrecido, pois veja que talvez esteja presenciando a vítima em questão, lutando pelo seus minutos de existência. Como nós.
Ela sobrevoa minha cabeça, giro progressivamente, mas… Pousa rapidamente na beirada do muro. Dos seus tanto mil olhos, não sei se algum deles me observa (ou a minha cadela). Arriscaria dizer que está… A pensar. Parece que na vida. Era linda.
Ao andar pelas ruas, há um contraste de asas e urbanização. São duas. Brincam no ar, em perfeita sintonia. Parece um acaso. Parece um sinal. Não, não. São apenas… Borboletas, sobrevoando por aí. Mas, por dentro, sinto-me lisonjeada. Como se fosse…Única.
Recordo, então, de uma conversa com minha grande amiga há um tempo atrás. Reclamava-me da inexistência ou quase inexistência de borboletas. Mesmo em ambientes rurais. Pois naquele dia eu havia visto não só uma, mas três. E urbanas. E que cismavam a me rodear.
Pois digo que ainda há. Ainda há borboletas. Ainda há o que denominamos raridade. E ainda espero encontrar, um dia desses, um piscar não artificial. Espero encontrar um vaga-lume. E, quem sabe, não só externamente.
Em homenagem a você, minha amiga Andreza Almeida, companheira de tantos problemas, conforto de inúmeras horas, que as borboletas, ainda que raras, estejam sempre em nossas vidas. E que todas elas sempre me rememorem a você.