REFLEXÕES DO COTIDIANO (Homenagem a um amigo...)
Há algum tempo vínhamos pensando em colocar um piso de cerâmica, onde somente havia uma calçada rústica; por não ser uma obra de prioridade vai se protelando, no aguardo de uma folga financeira até uma ocasião oportuna, para se executar a pequena obra. Acertamos os detalhes com o nosso pedreiro, e após a compra do material, deu início a sua tarefa. No final é colocado um rejunte e após secar é passada uma palha de aço para se retirar o excesso.
Lembramos-nos que numa gaveta havia uma unidade, que sobrara da obra anterior e que daria para começar a tarefa. Ao retirarmos do local mencionado revimos uns carnês da Caixa Econômica, guardados a mais de 30 anos. Isto fez nossas lembranças voltarem ao início da década de l972, onde nossas palavras serão de gratidão a um amigo que já não está entre nós. Era natural de Ponta Grossa, estudou na Universidade Federal do Paraná formando-se em Engenharia Civil, foi posteriormente Professor Titular da própria Universidade. Constituiu família em Curitiba, onde foram agraciados com vários filhos consangüíneos, o que não impediu a adoção de outros, todos tratados com o mesmo afeto.
Por coincidência construiu sua casa, próxima a Casa Espírita que freqüentávamos. Durante muitos anos nos deram, ele com sua esposa, também de saudosa memória, seus valiosos préstimos, mesmo durante o período em que foi Presidente da Federação Espírita do Paraná.
Possuía amplo conhecimento na área administrativa, razão pela qual foi designado em vários cargos públicos; Diretor da Sanepar, Diretor da URBS; Diretor de Recursos Humanos. Todos os cargos que ocupou o fez com excelente desempenho, onde os interesses públicos, estavam acima de tudo, primando pela honestidade, nunca visando qualquer tipo de vantagem pessoal.
Queria fazer parte dos Deputados Federais que iriam elaborar a nova Constituição de l.988, razão pela qual saiu candidato, não conseguiu eleger-se por falta de vontade política dos espíritas...
Voltando as lembranças dos carnês da Caixa Econômica, em l972 estávamos completando quatro anos em que residíamos numa pequena casa, anexa ao terreno da Casa Espírita. Executávamos em troca deste benefício várias tarefas com minha esposa, que iam além de um zelador, principalmente nas tarefas espirituais, pois éramos frequentemente procurados. Mencionamos a este amigo que tencionávamos comprar uma casa, mas que no momento nos faltavam recursos, ele de pronto disse: que procurássemos o imóvel para comprar, que iria providenciar um empréstimo hipotecário. Após acharmos o imóvel, hipotecou o seu para nos beneficiar do empréstimo e ainda nos adiantou um valor, para garantir a compra do imóvel. O empréstimo nós saudamos em cinco anos, cujos carnês evidentemente vieram em seu nome. Foi um gesto de extrema bondade por parte deste irmão, nunca esperou recompensa ou reconhecimento, mas impulsionado por um dever de gratidão estamos fazendo este relato.
No final de sua existência terrena, se dedicara exaustivamente ao histórico dos l00 anos da fundação da Federação Espírita do Paraná, desencarnou aos 68 anos. Sua esposa exercia o trabalho de psicóloga, havia uma sala anexa à residência, onde o mesmo auxiliava na marcação de consulta e preenchimento de fichas, onde os valores financeiros não se constituíam obstáculos ao atendimento. Quantas vezes no atendimento Fraterno na Casa Espírita, havia uma troca de paciente entre ela e nós...
Nas eleições de 2002, ficamos, com ele, de fazer um trabalho dos 50 anos de fundação da instituição, que seria comemorado em 2004, não podemos contar com sua valiosa participação, em face de seu desenlace.
Há muito vinha realizando um trabalho assistencial em sua residência, fora do comum, todas as manhãs, a partir da 07h00min h., em média umas 30 pessoas, diariamente tomavam o café, quanto aos pães eram feitos pelo próprio... Era uma pessoa extremamente humilde, sempre predisposto a ajudar.
Sua esposa, mesmo com as limitações físicas, sempre deu exemplo de abnegação, trabalho e conformação diante das vicissitudes da vida, pois quando aceitamos sem queixas e lamentações, “a dor da jornada”, damos um passo importante a nossa ascensão espiritual; á Napoleão de Araújo e sua esposa Elci de Araújo, nossa sincera gratidão, onde estiverem e em nome de Eduardo Araújo, enaltecemos todos os seus filhos.
Até a próxima Reflexão do Cotidiano Saul 12/07/2008
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