BELO SEXO FORTE

BELO SEXO FORTE

São exatamente seis horas da manhã. Com o cacarejar do galo, fica difícil não acordar às 5 da matina. Maria se levanta para fazer o café e arrumar a mesa.Às 6, é hora de acordar os três filhos. Começa aí o ritual... corre pra lá, corre pra cá, ajeita a merenda, o uniforme, os cabelos ,e verifica se o material escolar está ok. Lá vai Maria correndo levar seus três filhos até à estrada para seguir com o pai, de bicicleta, até à Escola do vilarejo de Morro do Cõco. Depois dessa correria toda, Maria toma o seu café, aumenta o volume do rádio, iniciando assim a faxina na casa. Lavou as louças do café da manhã, limpou o chão da cozinha, o fogão, areou as panelas, lavou o banheiro, recolheu as roupas sujas e as trocou por outras limpas e cheirosas. Após tantas tarefas domésticas, Maria interrompe a limpeza da casa, vai então para o quintal varrer, alimentar os frangos, galinhas, galos, galinholas, papagaio, e continua o seu ofício de dona de casa: um tanque de roupas lhe esperando para ensaboar, quarar, lavar, enxaguar e, ainda, prendê-las no varal. Já são 11 da manhã, Maria nem sequer começou o almoço... as crianças chegariam em torno de 12 h. Tudo pronto, mas faltava o suco de laranja, pois bem...Maria foi até o quintal, no pé de laranja , pega uma, duas, cinco, bem... umas oito, pra fazer o suco no espremedor de mão, bem rápido. Feito o suco, eis a preparação da mesa para que todos almoçassem juntos. Meio dia em ponto, as crianças chegam do grupo escolar com o pai. Começava aí uma verdadeira farra.E quando chegavam, de surpresa, pessoas queridas para almoçar?... Aí então é que a farra se completava. Antes de servir o almoço, todos fazem o sinal da cruz em agradecimento. Somente depois que todos se servissem, é que Maria almoçava.Terminando o almoço, as conversas surgiam naturalmente sobre o dia na escola e outras coisas mais. Depois disso, era hora de descansar um pouquinho, para mais tarde continuar a faxina iniciada pela manhã. Lá pelas 2 horas da tarde Maria costumava desligar o rádio para dar uma esticadinha na rede. São duas e meia da tarde, Maria, já está pensando no café. Esqueceu-se de dar o brilho na casa, para isso, deveria correr logo, chamar as crianças para sentar no saco (pano de chão branco)- o ritual de toda semana - sempre às sextas. A filha mais velha, coloca a irmã caçula e o irmão sentadinhos no saco, começa então, o brilho intenso de alegria- uma brincadeira e emoção para os três filhos ao deslizar sobre o assoalho de tábuas corridas no casarão à beira do mato. Humm!!!Às 4 da tarde, Maria corre e prepara a massa de bolinho de chuva para a alegria dos filhos e de Dona Doca (filha de escravos, adorável rezadeira, guerreira e com um senso de humor incrível, não tinha “tempo ruim”pra ela rsrs ). Depois de rezar e tirar o quebranto de toda a família, é hora do café com bolinho de chuva.Sem contar que o lanche preferido dela era coco com açúcar ou coco com farinha, muito bom por sinal! Dia de reza, era o dia de Dona Doca, e dia de D.Doca, era o dia de deixar côcos reservados para ela. Quando criança, pensava : quando eu crescer quero ser assim como ela - enfrentar as dificuldades da vida com alegria.(sempre me perguntava: seria influência do ato de comer côco com açúcar ou farinha? Rsrsr).

Retratei aqui, alguns momentos inesquecíveis vividos por mim, juntamente com meus irmãos e pais, nos anos 70, ao tomar, hoje, água de côco e comer a polpa com açúcar, como fazia Dona Doca, a rezadeira da minha família. Eis a minha simples homenagem às mães, mulheres guerreiras, e principalmente a minha mãe Maria. Não me preocupei com regras na escrita do texto, apenas alinhavei retalhos de minha memória.
ValPeçanha
Enviado por ValPeçanha em 20/08/2015
Reeditado em 29/08/2015
Código do texto: T5352919
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