O meu pai sempre foi uma pessoa muito importante na minha vida. Eu era fascinada pelo meu pai, e confessadamente, era seu xodó. Ele me chamava de: “Dengo do pai”.
Na infância tudo o que ele ia fazer, me levava junto como companhia. 
Lembro-me de que, eu queria fazer uma festa de batizado para as minhas bonecas, e o meu pai preparou um lugar lindo para o evento. Tínhamos um terreno baldio atrás de nossa casa que mais parecia uma floresta, e o meu pai colocou mesa com toalha branca de renda e cadeiras, transformando a “floresta” num lugar encantado. Parecia mais com uma festa de casamento do que com uma festa de batizado de bonecas.
Meu pai fez um balanço para mim de madeira com três acentos, para os coleguinhas, ou para os primos quando fossem brincar comigo. Meu pai pintou o balanço da cor amarela e ficou a coisa mais linda, eu fiquei deslumbrada. Meu pai fazia meus brinquedos. Ele fez perna de pau, fez pé de lata. Meu pai estava sempre me surpreendendo com algo produzido por ele.
Eu adorava caminhar com os meus pés sobre os pés do meu pai. 
Ele me levava para passear de bicicleta e para caminhar na praia, pois morávamos no litoral de Sta. Catarina. O meu pai amava o mar. Ele nadava feito um peixe, enquanto eu ficava sentada na areia, esperando por ele, que me acenava de longe, e eu sorria me sentindo como se fosse a filha do peixe mais importante daquela praia. 
Ele adorava fazer minhas vontades e sempre foi meu amigo. 
Quando me comprava roupas novas, ele gostava que eu desfilasse para ele e minha mãe. E ficavam demonstrando orgulho, pareciam que estavam vendo a modelo mais linda do universo.
Sempre fomos muito unidos e amigos. Eu morava nos EUA e os meus pais moravam no Brasil. Entretanto, sempre que podíamos ficávamos juntos, eles iam me visitar, também para ficarem perto de seus netos, por quem eram apaixonados. 
Sempre que o meu pai foi hospitalizado, já quando era mais velho (o meu pai morreu com 69 anos) eu quem ficava com ele, dia e noite. 
Quando foi descoberto que ele tinha um câncer, em poucos meses o meu pai veio a falecer. Eu estive ao lado dele todos os dias, dia e noite. E quando ele deu seu último suspiro eu estava do ladinho dele. Ele abriu seus olhos (não sei se ele estava me vendo) e apertou a minha mão com força e depois a soltou para sempre.
Nós dois nos amávamos muito, e depois daquela despedida foi uma fase muito difícil em minha vida, e na vida de minha mãe, que muito o amava. Fiquei inconformada de não poder tê-lo mais em minha vida. Ele era especial. 
Os meus pais se amavam muito e foram pais maravilhosos para seus filhos. O meu pai era um grande sujeito. Uma homem amoroso que viveu para família. 
Eu sinto como se o meu pai estivesse sempre por perto. Por ele ter sido muito presente em minha vida, eu tenho muitas boas lembranças, que me fazem companhia.
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 10/08/2015
Reeditado em 10/08/2015
Código do texto: T5341280
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