MEU PAI
De todas as vezes que busquei no vazio
O aconchego de seu colo,
O afago de suas mãos,
De todas as vezes que invejei
No abraço recebido por outra criança
O cheiro da presença e da ternura de pai,
De todas as histórias
que a indelével morte calou
Nos lábios da saudade e da lembrança
Em minha memória de criança...
De todas as lições que o destino me roubou
Na ausência sempre presente
Tenho a sua eterna imagem, meu pai...
Como quem ama para sempre
Um amor de mananciais...
Como quem sempre espera
A chegada da primavera
No deserto da existência...
imagino um dia reencontrá-lo
Na etérea esperança de poder vencer
A crueldade da morte
Essa maldita sorte
Que me tirou você,
Meu pai.