Quarador...?

Que digo a você, quaradô, corador, rimando com ô, sempre que lembrado for? Já te vi nu, coberto, mas evitei passar perto, na certa certo de que meu lugar, meu ocupar, não era roupa - e não era sopa - roupa lavar.

Sob o solão inclemente, intensamente é que você mais brilhava, por vezes leve, mais vezes denso, enquanto sobre seus ombros, de tela ou cimento, quanta roupa não quarava.

Já haviam sido usados o cáustico sabão de barra, até o azul anil, havia entrado na farra, enquanto a roupama, de corpo, mesa ou cama, sobre si se esparrama, no cotidiano drama, da limpeza, pureza nada de moleza.

E nas suas folgas um olhar sobre si revelava o poder corrosivo do sabão, que já sacrificara tanta mão, e impedia que por perto crescesse qualquer plantação, ou mato de fato, pois conquanto ainda evadio ao seu abraço, dono do pedaço, com apreço o reconheço.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 27/07/2015
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