MARIO ZAN, QUE SERIA DE JUNHO SEM VOCÊ?

Mês das festas juninas, junho;

Quem não se lembra das quadrilhas;

do casamento caipira;

tudo sob o som musical de Zan.

Lembro que um grande fogueira era acesa;

iluminaria o quintal da festa, porque naquele tempo não havia energia elétrica.

Aqueceria o ambiente, porque junho ao ar livre era frio.

Assaria batatas doces, que saco vazio não para de pé.

Uma barraca era armada ao lado; coberta de lona.

No centro um tablado, para os músicos: zabumba, triangulo, chocalho feito de contas e, claro, a sanfona.

As músicas eram de Mario Zan.

Somos mesmo um povo sem memória;

e de pouco orgulho.

Alguém poderá torcer o nariz para Zan.

Mas sabe você que ele teve musica gravada até pelo Frank Sinatra?

"Love me like a Stranger", é da sua autoria.

Aqui foi gravada por todo cantor popular, com o nome de "Nova Flor".

Na língua espanhola é conhecida por todos e até gravada pelo Julio Iglesias com o nome: "Los hombres no deben Llorar".

Roberto Carlos gravou com o título de "Os homens não podem chorar."

E Mario Zan, que era artista contratado pela empresa "Pedutti" (que fazia a distribuição de filmes na região de Araçatuba), se apresentou aqui em nossa Baguaçu.

Acompanhado de Nhô Pai, Nhô Fio e Capitão Furtado.

E em junho que a gente se esbaldava com o Zan.

Era "Arraia Feijão Queimado", "Festa na roça", "Orgulhoso", "Valsa dos namorados", "Ciriema", etc.

Compositor de muitas músicas, alguma até a gente atribui a outros artistas, (em geral o cantor que a consagrou), como "Chalana", tema da novela "Pantanal", cantada por Almir Sater;

Com "Quarto centenário", ganhou o concurso da musica comemorativa do quarto centenário de São Paulo em 1954; em parceria com J. M. Alves.

Ah, Zan, como deixou saudade!

Sua música vinha junto com o quentão, a pipoca, a batata doce, o doce de abobora, de coco, do algodão doce,e ao som do traque, das bombinhas, dos busca-pés, dos palitos de estrelinhas;

e na barraca do chão levantava poeira,

com o passo de dança dos casais;

e do fiscal do baile, a correr, como doido,

para conferir a "fitinha" presa no alfinete na camisa;

(prá quem não sabe, como a festa era aberta a todos, para dançar o homem precisava comprar uma fita que era pregada na camisa com alfinete, e servia para pagar os músicos. Mulher, claro, não pagava).

Com o italiano doido,

a correr no terreiro,

feliz da vida,

explodindo rojões a gritar: "Viva Dio!!!";

para quando esses, por chabú explodir no chão,

pererecarem de pernas abertas e praguejar:

"Porco Dio!!!"

Zan; onde estiver, esteja com Deus.

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junho / 2015

Obrigado pela leitura.