Minha mãe
Isaura, minha mãe, hoje, essa doce senhora conta com 74 anos, está calejada pela vida sofrida que lhe foi imposta, casou-se cedo e cedo também se separou, o marido a deixou criando sozinha seis filhos, os quais ela fez questão de não dar a quem os pedia, dizia sempre "não é filho de cachorro para ser dado" e assim passaram-se os anos. Dona Isaura, muitas vezes deixava os filhos aos cuidados da filha mais velha para sair a procura de melhores condições de vida para sua família, as vezes retornava com boas novas, no entanto, também havia vezes que nem eram tão boa assim.
Sempre que retornava das viagens que fazia, ficava eu torcendo para que ela me trouxesse algum brinquedo (um carrinho), para mim e para meu irmão, as vezes trazia, outras não; era sempre um carrinho verde outro vermelho, que meu irmão e eu brincávamos até cansar.
Quando tínhamos que nos mudar de uma cidade para outra, era aquele Deus nos acuda, eu sempre era poupado, pois ainda era muito pequeno.
Era sempre difícil nos adaptar ao novo lar, novas amizades, escolas e tudo mais, lembro-me de ter chegado à capital goiana no ano de 1974, fomos morar em uma casa que não tinha energia elétrica num bairro distante do centro, lembro também, que foi neste ano que conheci a tão falada "televisão", ficava imaginando como cabia todo aquele povo ali dentro, mas logo entendi como funcionava aquilo.
Minha mãe sempre foi muito batalhadora, trabalhou em tudo quanto é tipo de serviço, foi professora, costureira, enfermeira, cozinheira, garimpeira e micro, micro, micro mesmo empresaria, ah, teve também o tempo em que ela foi agente de saúde comunitária.
Hoje minha mãe, outrora tão forte e guerreira, encontra-se debilitada e com um princípio de Alzheimer, se esquece do que fez ou falou minutos antes, com isso, ainda juntou a hipertensão e o diabetes, no entanto, nada se iguala à falta de amor próprio, pois dona Isaura, ao que tudo indica, deixou de se amar, pois não sente vontade de passear, de ir ao cabeleireiro, de dançar, ou seja, parece até que não tem mais vontade de viver. O pior de tudo isso, é que tem gente que tira proveito da situação em que ela se encontra, porém, esta não admite que seja verdade.
Deixo aqui meu apelo aos filhos que ainda tem suas mães gozando saúde. “Cuide de vossas mães, pois é única e depois que ela se for, você não terá mais seu abraço carinhoso ou mesmo seu doce olhar, ou sua voz suave lhe abençoando, "Deus te abençoe meu filho (a)"
Bert Noleto
Macapá-AP, 25 de maio de 2015
Isaura, minha mãe, hoje, essa doce senhora conta com 74 anos, está calejada pela vida sofrida que lhe foi imposta, casou-se cedo e cedo também se separou, o marido a deixou criando sozinha seis filhos, os quais ela fez questão de não dar a quem os pedia, dizia sempre "não é filho de cachorro para ser dado" e assim passaram-se os anos. Dona Isaura, muitas vezes deixava os filhos aos cuidados da filha mais velha para sair a procura de melhores condições de vida para sua família, as vezes retornava com boas novas, no entanto, também havia vezes que nem eram tão boa assim.
Sempre que retornava das viagens que fazia, ficava eu torcendo para que ela me trouxesse algum brinquedo (um carrinho), para mim e para meu irmão, as vezes trazia, outras não; era sempre um carrinho verde outro vermelho, que meu irmão e eu brincávamos até cansar.
Quando tínhamos que nos mudar de uma cidade para outra, era aquele Deus nos acuda, eu sempre era poupado, pois ainda era muito pequeno.
Era sempre difícil nos adaptar ao novo lar, novas amizades, escolas e tudo mais, lembro-me de ter chegado à capital goiana no ano de 1974, fomos morar em uma casa que não tinha energia elétrica num bairro distante do centro, lembro também, que foi neste ano que conheci a tão falada "televisão", ficava imaginando como cabia todo aquele povo ali dentro, mas logo entendi como funcionava aquilo.
Minha mãe sempre foi muito batalhadora, trabalhou em tudo quanto é tipo de serviço, foi professora, costureira, enfermeira, cozinheira, garimpeira e micro, micro, micro mesmo empresaria, ah, teve também o tempo em que ela foi agente de saúde comunitária.
Hoje minha mãe, outrora tão forte e guerreira, encontra-se debilitada e com um princípio de Alzheimer, se esquece do que fez ou falou minutos antes, com isso, ainda juntou a hipertensão e o diabetes, no entanto, nada se iguala à falta de amor próprio, pois dona Isaura, ao que tudo indica, deixou de se amar, pois não sente vontade de passear, de ir ao cabeleireiro, de dançar, ou seja, parece até que não tem mais vontade de viver. O pior de tudo isso, é que tem gente que tira proveito da situação em que ela se encontra, porém, esta não admite que seja verdade.
Deixo aqui meu apelo aos filhos que ainda tem suas mães gozando saúde. “Cuide de vossas mães, pois é única e depois que ela se for, você não terá mais seu abraço carinhoso ou mesmo seu doce olhar, ou sua voz suave lhe abençoando, "Deus te abençoe meu filho (a)"
Bert Noleto
Macapá-AP, 25 de maio de 2015