Silêncio a dois... Um duo
Uma breve pausa... Calem-se todas as vozes!
Murmúrios de riachos, gorjeios de pássaros,
Zunidos de ventos, lamentos, alaridos,
Gritos incontidos, algazarras, gemidos…
Tudo o que for prejudicial aos ouvidos em ruídos
Até pensamentos nocivos, cale-se na mente
Toda tristeza, brigas, lembranças indevidas
Silencie-se o que for ruim e inconsequente
Somente as batidas de meu coração
Que agora chora, desmedida emoção.
Teu rosto nitidamente se retrata
Na moldura dourada de minha ilusão
Momentos vividos da mais sublime emoção
Trazendo a pureza do toque divino e maternal
O aconchego dos teus braços, abraços em ação
Afago e carinho com que ninaste de forma natural
Teus olhos, dois faróis a iluminar...
Da janela da alma clareiam, me fazem enxergar.
Como eras ternas e doces ao demonstrar
O amor dádiva da tua bondade encantadora
Tua voz... Ah, tua voz que brandamente
Percorria os espaços, enchendo-os de alegria,
Até quando chamavas a atenção candidamente
Podia-se dizer que havia certa magia
Era voz de harmonia, voz de sabedoria.
Nunca se calou... Ouço-a suavemente
Rebobino o que de melhor tu fazias
Sem sequer alterar-se emocionalmente
No início das manhãs, ao deitar-se o sol poente.
Mãos de anjo... Ainda sinto teus carinhos
Tuas cócegas, teu jeitinho de fazer-me cafuné
Como tu bem sabias me agradar nos quitutes e docinhos
A afagar devagarinho minhas dores, desilusões,
Ainda devem estar macias, possuem a supremacia.
De deixar escondidas as inúmeras decepções...
Vividas e sofridas ninguém como você bem sabia
Nem a morte foi capaz de apagar.
Ainda estás viva pairando no ar
Mãe, esse silêncio é mais que uma prece.
É um grito de dor, é saudade, é amor que só cresce
Do amor que a mim despojaste, sem dimensão,
Que me faz caminhar, que me dá proteção
Olho para o horizonte para ver se ressurges
Subo em árvores para reencontrar-te no céu
E abraço-te por todos os cantos por onde passo.
_Carmen Lúcia_ & Hildebrando Menezes