Retrato de Mãe

Uma simples mulher existe que,

pela imensidão do seu amor,

tem um pouco de Deus,

e pela constância de sua dedicação

tem um pouco de anjo;

que, sendo moça, pensa como uma anciã

e, sendo velha,

age com todas as forças da juventude;

quando ignorante,

melhor que qualquer sábio

desvenda os segredos da natureza,

e, quando sábia,

assume a simplicidade das crianças.

Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos

que ama e, rica, empobrecer-se para que seu

coração não sangre, ferido pelos ingratos.

Forte, entretanto, estremece ao choro duma

criancinha, e fraca, não se altera

com a bravura dos leões.

Viva, não sabemos lhe dar o valor

porque à sua sombra todas as dores se apagam.

Morta, tudo o que somos e tudo que temos

daríamos para vê-la de novo,

e receber um aperto de seus braços

e uma palavra de seus lábios.

Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher,

se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum:

porque eu a vi passar no meu caminho.

Quando crescerem seus filhos,

leiam para eles esta página.

Eles lhe cobrirão de beijos a fronte,

e dirão que um pobre viandante,

em troca de suntuosa hospedagem recebida,

aqui deixou para todos o retrato de sua própria MÃE.

FÁTIMA ARAÚJO
Enviado por FÁTIMA ARAÚJO em 09/05/2015
Código do texto: T5235629
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