A BENÇÃO MINHA MÃE!

A Benção, minha MÃE!

Fatima Bruno

A Benção, minha mãe, gritava eu da calçada e a voz cansada, pigarreava: - Deus te abençoe, minha filha! Por onde tu andavas?

Que não aparecias e nem me telefonavas? Já estava preocupada!

Mãe telefonei antes de ontem, não lembras? Ela respondia: - Já fazem três dias.

Saía de rosto lavado, ajeitando os cabelos com as mãos ainda molhadas.

Nos abraçávamos e como era bom aquele abraço curativo!

Vou fazer o café e comprar o pão. Tem tapioca, você quer?

A mesa bem posta. Tomávamos o café. Logo levantávamos e íamos para área, tomar um ventinho e conversar. Falar mesmo quem falava era eu, ela muito sábia ficava a escutar. O tempo logo passava e eu tinha que voltar para minha casa. Ela dizia: Menina, esse teu batom já saiu, vai ali no quarto, em cima da penteadeira, tem batom e aproveite e passe um pó nesse seu rosto, dar uma cor. Ah aquele perfume que tem lá é dos bons, pode usar.

A Benção minha Mãe: - Deus te abençoe, minha filha.

Ô MÃE como sinto saudades daqueles pequenos momentos que se tornavam tão grandes com a sua presença e o seu amor.