Parabéns, mulher!
No dia 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, foi celebrado, pela primeira vez, o Dia Internacional da Mulher. As mulheres lutavam contra as más condições de trabalho das operárias na indústria do vestuário de Nova Iorque. É sabido também que mulheres russas se manifestaram a favor de melhores condições de vida e de trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial.
É justo que todas as mulheres tenham melhores condições de trabalho e de vida. É justo que todas as mulheres sejam respeitadas por todos os homens. É justo que todas as mulheres tenham uma vida digna. Mas, hoje, eu não parabenizo todas as mulheres, assim como não parabenizo todos os homens em dia algum. Quero parabenizar apenas as mulheres que não vendem seus corpos; parabenizo a mulher que não se submete a nenhum homem; que não se curva diante de um homem, pois nenhuma mulher foi feita para se curvar nem para se submeter aos homens, mas para serem suas companheiras na vida. Segundo uma bela e justa interpretação da Bíblia, “a mulher não foi feita dos pés do homem, para que não seja inferior a ele; não foi feita da cabeça do homem, para que não seja superior ao homem; a mulher foi feita de uma costela do homem, para que seja vista como companheira do homem”.
Homens e mulheres são diferentes e iguais. É por isso que os dois se completam. Um homem sem uma mulher é uma aberração; é um absurdo. Uma mulher sem um homem é uma aberração; é um absurdo. Mas uma mulher não deve querer qualquer homem, assim como um homem não deve querer qualquer mulher. Jean-Yves Leloup, no livro “O Essencial no Amor”, afirma que, “na tradição hebraica, um homem que não tenha conhecido uma mulher não pode ser chamado ‘humano’; e o mesmo se pode dizer em relação à mulher”. No mesmo livro, na página 42, está escrito: “Sozinho ninguém consegue ser inteiro”.
Neste dia, eu parabenizo a mulher que respeita o homem, assim como o homem deve respeitar a mulher. Parabenizo a mulher que sonha e luta pelos seus ideais. Dirijo os meus parabéns à mulher que se reconhece como um ser digno de vida, respeito, amor, saúde e dignidade. Dirijo os meus parabéns a toda mulher que se possibilita o desenvolvimento de sua compreensão. É esse tipo de mulher que eu parabenizo nesta data, pois não devemos ser ingênuos e parabenizar todas as mulheres, assim como muitos homens não são dignos de receberem parabéns. O simples fato de ser homem ou mulher não nos diz nada. Todo homem e toda mulher merecem vida e respeito a seus direitos inalienáveis. Um elogio, porém, deve ser dirigido a quem se destaca. Os elogios devem traduzir o merecimento da pessoa elogiada.
Hoje é um dia especial para reconhecermos a importância da mulher todos os dias, pois não é só hoje que todas as mulheres merecem ser tratadas com amor, respeito e dignidade; é todos os dias e em todos os momentos da vida. Hoje é dia de parabenizarmos a mulher que se porta com honestidade e decência. Parabenizo a mulher que não nutre inveja, nem ódio, nem remorso, nem mentira no seu ser e abre espaço em si para o amor.
Parabenizo, pois, a mulher que não deixa de ser fiel a seu esposo, assim como o homem não deve deixar de ser fiel a sua esposa. Parabenizo a mulher que busca crescer em compreensão e que não se reconhece inferior nem superior a nenhum homem neste mundo, nem se comporta como tal, mas se reconhece como um ser auxiliar do homem, assim como diz a Sagrada Escritura.
Mahatma Gandhi, o grande pacifista do século XX, cujos ensinamentos, por concordar com eles, eu procuro seguir, dizia: “As mulheres são as guardiãs por excelência de tudo o que é puro e religioso na vida... Sou de opinião que o homem e a mulher são essencialmente uma coisa só... Um é o complemento do outro. Um não pode viver sem a ajuda ativa do outro. Mas de uma maneira ou de outra, o homem dominou a mulher durante gerações, e a mulher caiu num complexo de inferioridade. Acreditou na veracidade da doutrina interesseira do homem, segundo a qual ela é inferior. Mas os homens sábios reconheceram a condição de igualdade... A mulher deve deixar de se considerar o objeto da concupiscência do homem. A mulher é a companheira do homem, dotada de iguais capacidades intelectuais. Tem direito de participar dos mínimos particulares das atividades do homem, e tem o mesmo direito à liberdade e à independência... Em virtude de um costume imoral, até os homens mais ignorantes e indignos exerceram sobre as mulheres uma autoridade que não mereciam e não deveriam ter”. Essas palavras de Gandhi se encontram no livro “Mahatma Gandhi: o apóstolo da não-violência”, da página 178 à página 180; uma obra escrita por Huberto Rohden.
Não é como elemento de retórica que faço uso dessa citação, mas como expressão do que eu penso e sinto. Na página seguinte, Gandhi afirma: “Quando uma mulher é agredida... o seu primeiro dever é defender-se. É livre de usar qualquer meio ou método que lhe venha à cabeça para salvar seu coração. Deus deu-lhe unhas e dentes. Deve usá-los com toda a força e, se necessário, morrer na luta”. Concordo com Gandhi: a mulher tem o direito de se defender. Mulher não merece agressão. Mulher merece amor e respeito.
Para finalizar, eu parabenizo, neste dia, sem bajulação, porque não bajulo ninguém, mas como reconhecimento, a mulher que, no oferecimento da minha monografia, escrita em 2007, em São Luís, eu chamo de “amiga do peito, alegria irradiante, sorriso encantador”. A essa mulher, cujo nome se encontra na minha monografia, eu dirijo a minha felicitação especial. É o reconhecimento de sua importância: sua naturalidade, sinceridade, espontaneidade, amizade verdadeira, a beleza do seu ser, além de sua beleza exterior. A essa mulher que se tornou a única inspiração permanente da minha poesia, além de Deus e da vida, eu dirijo a minha veneração. Desde março de 2004 que eu escrevo poemas inspirados por ela. Ela sabe de tudo isso e sabe de muito mais.
Parabéns, mulher!
Pastos Bons, 08/03/2015.
Domingos Ivan Barbosa