LUCILENE, a MULHER (quase) INVISÍVEL
Era uma vez uma mulher (quase) invisível, mas tinha um sorriso tão lindo que a denunciou. Ela nasceu em Iaçu, interior da Bahia, tem 28 anos. Aos 6 anos de idade foi morar em São Paulo, lá educada e pensava em construir uma vida melhor, só retornando para sua cidade natal aos 24 anos em busca de emprego, pois na cidade grande as coisas não são tão fáceis quanto imaginam.
Lucilene Silva de Almeida fez o curso completo de informática, concluiu o Ensino Médio, é casada e tem uma filha de 6 anos de idade. Ela trabalha de domingo a domingo, varrendo aqui e acolá. Mãos calejadas de empurrar um carrinho de mão, Lucilene segue a sua árdua jornada com um sorriso nos lábios.
Lucilene é uma mulher que pode ser a representação de muitas de nós ... Donas de casa, estudantes, esposas, mães, trabalhadoras, filhas... no entanto ela passa despercebida nos lugares percorridos por conta da profissão que ela desenvolve. Envergonhados, constrangidos, incomodados muitos não enxergam a pessoa mas a profissão. Esquecem que atrás daquele uniforme há uma mulher que sente, chora, ama e sonha.
Aquela jovem senhora com o seu macacão verde, sobe e desce toda a área do jardim, colhe folhas secas do chão, colocando-as num enorme saco preto. Até que um dia a rotina de Lucilene é quebrada. Durante a minha caminhada aproximei da jovem e falei do desejo de entrevistá-la e se autorizasse poderia ser fotografada (de costas se preferisse) porque tinha intenção de divulgar o fruto da entrevista... E para o Dia Internacional da Mulher ela fora a escolhida...
Com um sorriso Lucilene conta a sua história. O sonho de crescer, ter uma vida melhor e proporcionar um conforto para família. Por que uma jovem com o 2º. Grau completo estaria naquela profissão? A jovem sem titubear responde lindamente:
_ Sinto orgulho da minha profissão pois é um trabalho honesto. Estou aqui por falta de oportunidade, mas pretendo fazer faculdade. Vergonha eu sentiria se estivesse numa esquina vendendo drogas e ainda envergonhando os pais.
Acertei na minha escolha, não sei como, mas sabia que receberia aquela resposta. Só quem trabalha em paz a tem. Não poderia encontrar alguém melhor que Lucilene para representar as mulheres da minha cidade no dia 08 de Março. Uma mulher honesta, trabalhadora, humilde, simpática, sonhadora, educada ... Uma mulher mãe, uma mulher esposa, uma mulher que sorri apesar das dificuldades enfrentadas.
Uma mulher que você geralmente não a percebe no seu caminho, mas ela se faz presente em sua vida, pois todas as sujeiras que indevidamente jogam fora da lixeira, Lucilene é uma das garis que trabalha diariamente para limpar as ruas que sujamos.
E que Deus abençoe a todas as mulheres que conservam os sonhos e o sorriso.
Elisabeth Amorim
8 de março, Dia Internacional da Mulher.