Moça da Praça

Moça que vive na praça

Que faz graça pra quem passa

Rosto borrado como palhaça

De estrutura metálica

De alma chorada...

Moça de corpo usado

De rosto cansado,

É moça bonita, perdida,

Que dorme de dia,

De noite faz sua folia.

Se tornou objeto

Dos amantes avulsos

Pela carencia do hoje

Pelo não viver...

Moça, hoje sou eu quem passo

Te olho no banco da praça

Leviana como a madrugada

Meu Deus! Que amargura.

E seu rosto pintado,

Tão maquiada,

Pra esconder o rosto

Pra fazer nada

Pra morrer mais um pouco

Nos beijos sem gosto

De um homem qualquer

Que paga barato

Pelo simples fato

De você ser mulher!

Sentida, eu percebo sua alma

Seu sorriso treinado, forçado,

Acostumado,

No seu ódio vencido

No seu desamor, a vida que vai

Pois por dentro a sua se esvai

Num pranto de dor!

Mulher, sua sarjeta

Eu ainda me lembro

Intoxica a mente

A gente desmente

Mas polui o corpo, o lodo

Que não devia existir...

Moça, te jogam pedra,

Condenam teus atos,

Acham errado o seu caminho...

Mas ninguém que passa

Nesta enorme praça,

Tem uma mãos pra te estender,

Um gesto pra te entender

Ninguém te ensinou o certo

O modo honrado de se viver.

Nunca fostes à uma escola,

Em criança, não brincou de ciranda,

Nunca houve ninguém pra te proteger

Mas existiu quem te machucou

Te enlameou, te jogou na vida

Perdida que tu tens

Nunca descobriste o amor,

Não conhecestes a Deus,

Não tiveste um irmão pra te defender

Um amigo, um ser qualquer!

Moça, que pena, tão linda,

Tão suja estás.

Tão sorridente fica

Na praça distante,

Desta cidade grande,

Da boemia, do egoísmo,

Da sobrevivência...

De tantas moças iguais à você

Sem futuro, de passado obscuro

De um presente absurdo...

Moça, que se vende de noite,

Pra comer de dia,

Dia após dia,

Pra viver mais um pouco a vida,

Sem gosto,

Que não gostaria de viver....

Nielsen
Enviado por LIA LIMA em 05/03/2015
Código do texto: T5158778
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