Susto

O curandeiro estava ali, à espreita, vivo. Como uma cobra venenosa, pronta para dar o bote.

O nome Juraci, foi “aportuguesado”, pelos jovens índios modernos, mas o eterno misturador de ervas não tinha nome.

Tal velho, não buscava, e nem ousou buscar a medicina moderna. Os seus chás, banhos, seções, e conselhos estão todos baseados em seus conhecimentos, e também o de seus antecessores e antepassados.

Naquela madrugada comum, o velho embrenhou-se na mata (que não estava tão escura), e por horas procurava pela erva que poderia usar em sua oca para o seu próprio uso, pois deverás estava adoecido, e os sintomas que vinha sentindo eram todos desconhecidos.

Perto dali, perdido estava o pequeno mascote da tribo, o suricatta chamada pelos pequeninos da tribo de Ranquina.

Tal foi o susto, quando o curandeiro encontrou Ran, que falou à pequena sem pestanejar:

-O que faz aqui? Você não está em sua casa.- Afirmou convicto.

A pequena Ranquina fitou alguns instantes o velho, e saiu com seu andar impar pela mata.

O que poucos sabem, é que a pequena Ranquina respondeu ao velho, que sim aquele era seu lugar, pois se tratava da casa de sua mãe, a mata.

Talvez ninguém saiba, mas o velho soube da resposta do pequeno saltitante, e riu interminavelmente toda madrugada, o que de alguma forma o curou.

Outros que contem passo por passo. Eu também estava lá.

Rodolffo Lima
Enviado por Rodolffo Lima em 25/02/2015
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