Querida Beta,

O sofrimento não lhe impediu de ser a educadora organicamente engajada pelos fios que tecem a vida com toda arte, ternura que devem ter sido antíteses para suportar a dor com coragem e determinação de quem luta pela vitória, com as armas da sabedoria. Permaneceu firme e atuante, mesmo limitada pelo estado de saúde, sempre comunicativa com companheiros(as) de incansáveis lutas por uma educação que dignifica o cidadão.

Suas palavras foram provocativas para um repensar a vida em toda sua plenitude, vida que sempre se renova que alcança outros patamares por isso, foi exemplo, de que ela, a vida, nunca deve ser negada. Somos testemunhos de que fizeste brotar as mais belas lições, em circunstâncias que outros estariam em aflição.

Agora se pode entender melhor sua constante preocupação, enquanto educadora que anunciava a necessidade do olhar atento à pessoa humana, presente em cada aluno na turma, como ser único. Era uma maneira de expressar que precisamos romper com a idéia da homogeneização na educação e na cultura dos povos, quando se trata de pessoas, no caso, nossos alunos, que carregam suas próprias histórias, memórias e experiências de vida, cada um com sua riqueza própria, que não precisa ser moldada a determinado padrão comum.

Seu desejo, como de tantos outros educadores que militam arduamente na educação era de busca de uma pratica pedagógica que promova o desenvolvimento do ser, respeitando suas diferenças, limitações, interesses e possibilidades.

Podem servir para reflexão desses que não se cansam de buscar aprender novas lições nesse mundo para bem servir a todas as causas sociais que refletem as injustiças, sofrimento e dor. Nosso modelo de desenvolvimento gera vitimas daqueles que aprenderam a somar, acumular sem dividir ou compartilhar.

Muitos de seus textos revelam a necessidade de manter viva a chama do amor que alimenta a esperança de que os fenômenos da vida não são estáticos, passam por transformação. Assim sendo, cabe a nós a tarefa da preparação, ou melhor, dizendo, da auto-preparação, e uma via é com certeza a da educação, alem de tantas outras possibilidades de atuação do ser neste mundo que podemos lançar mão, como você fez, quando atuou em tantas incansáveis lutas.

Leva-nos a crer também que a maior viagem que devemos fazer em vida é para dentro do nosso próprio interior, pois é lá que podemos encontrar muitas das barreiras que nos oprimem e nos enfraquece, antes que alcancemos outras dimensões e planos de vida.

Nossa fé ensina e você nos deu a lição de que nem tudo se encerra neste plano, que aqui é apenas umas das passagens... Da vida. Portanto, é valido dizer ainda, que suas palavras, enquanto expressão maior de seu pensamento e de sua dignidade humana são bálsamos para superação de angústias que perseguem os desejosos de um saber viver com doce ternura, amor, equilíbrio emocional e paz interior.

Com carinho, da amiga que conviveu de perto e muito aprendeu com você.

Que Deus nosso PAI esteja ao seu lado para sempre.

Amem!

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Marabá, 17 de novembro de 2006.

Tereza de Jesus Rodrigues Oliveira.

Lida na celebração da missa de sétimo dia.

Taina
Enviado por Taina em 04/06/2007
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