100 anos de Minha Falecida Mãe
O dia de hoje, iluminado pela graça Divina, comemoramos a aparição de NOSSA SENHORA DE LOURDES. Neste abençoado dia, se viva estivesse neste Vale de Lágrimas, minha mãe Alaíde completaria 100 anos de existência. Quanta gratidão me invade neste dia, o muito do amor filial me faz exaltar este ser de luz que viverá para sempre na memória desta família Lira. Guardiã da FÉ, a mestra das primeiras letras cantadas na cartilha do ABC, soletrando palavras embaladas nos primeiros passos desta jornada terrena, Alaíde se multiplicava... Muitos filhos para criar, o seu homem para amar e muita roupa para lavar, mesmo assim, a vocação materna falava mais alto...
Dia 11 de FEVEREIRO do ano da graça de 1915, exatos 100 anos, nascia no povoado de Camocim, em Bezerros, a minha saudosa mãe ALAIDE. Faltam-me palavras, adjetivos me fogem para exaltar este maternal amor dedicado aos filhos que se estendeu aos netos e bisnetos de sua linhagem e se perpetua até os dias de hoje. “IN FINEM DILEXIT” - “AMOU ATÉ O FIM” e foi amor incondicional de um ser vocacionado a este amor tão verdadeiro. A maior parte de sua infância ela passou em Garanhuns, fez o curso de alfabetização no Colégio Santa Sofia onde fez a primeira comunhão em companhia de sua meia irmã Beatriz, filha do padrasto, irmão da saudosa Dona Joaninha, esposa de Nilo Coletor - que a amava como uma filha legítima e muito lutou para adotá-la. Nesta época, por volta do ano de 1922, o cantor AUGUSTO CALHEIROS, residia em Garanhuns e frequentava a casa deste seu padrasto sendo muito carinhoso com Beatriz e minha mãe. Época do cinema mudo, o pianista Ariosto e a voz de Augusto Calheiros abrilhantavam a exibição do filme chapliniano. Por motivo religioso, aconteceu a separação de minha avó com este senhor, minha mãe foi internada no Colégio de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Bom Conselho, até que fosse legalizada a adoção. Aos nove anos de idade ela retornou à Bezerros, passando a residir em casa do tio José Pedro em companhia das primas, Isaura, esposa do Tenente Luiz Gonzaga, foi uma delas. Aos 14 anos incompletos, em 1929, ainda criança, casou-se com Manuel Lira, meu pai, o casal fixou residência na Serra do Retiro. A saudosa cantora Maria Telles presenciou este casamento e com os olhos marejados exclamou: “Meu Deus! Pensei que esta criança iria fazer a primeira comunhão!” Aos 15 anos, nascia o primeiro filho e, no espaço de 30 anos, até os 45 anos, engravidou 15 vezes. Numa época de pouca assistência médica, muitos dos seus filhos morreram, a perda marcante foi a morte de sua doce Maria, uma criança com pouco menos de cinco anos de idade que morrendo exclamava: “Não quero morrer, mamãe!” vindo a falecer em seus braços...
Na década de 1940 a família veio morar na cidade dos Bezerros onde minha mãe conheceu o seu anjo salvador: Mirandolina Farias – minha madrinha Mirandinha. Este anjo levou os filhos doentes ao Posto de Saúde, onde o jovem médico Dr Euclydes minorou o sofrimento de minha mãe aflita.
No final de sua jornada terrena, outras perdas dolorosas dos filhos amados – hoje, dentre os OITO vivos, restamos somente Nancy, Jofre e eu
Neste dia de Nossa Senhora de Lourdes, a Virgem de sua devoção, também o seu dia, querida mãe, no altar do sacrifício, às 18 horas, na Igreja de São Paulo Apóstolo, na rua Barão de Ipanema, em Copacabana, todo o meu amor será exaltado e, a minha eterna gratidão a este Deus Todo Poderoso por haver-me presenteado esta minha doce mãezinha...
Naquela tarde do dia 25 de dezembro de 2006, em casa de Nancy, cantei esta música somente para a senhora, querida mãe, (ela adorava esta música na voz de Augusto Calheiros). Jamais esquecerei aquele olhar de ADEUS fitos em mim. A emoção foi tanta que chorei impotente em constatar que minha mãe estava partindo para o Reino de Deus. Vislumbrei naquele corpo frágil de minha mãe a luz da eternidade onde meu pai e meus 12 irmãos do lado de lá a esperavam numa acolhida de amor. No dia 14 de janeiro de 2007 minha mãe partiu e virou ESTRELA...
https://www.youtube.com/watch?v=C2j4xjhWVd0