SOB(RE) O RIO PIRACICABA

Quem se importa, aberta a porta:

quem se importa, em pensamentos:

quem se importa, em descontentamentos.

Hoje as portas da impunidade corre caudalosa substituindo o lugar de nossas águas.

E a mágoa?

quem se importa?

A distância do agir fortalece a dissonância da falta do choro do rio que, distanciado da vida, apenas aguarda ações que dignifique-no como seiva que deveria pulsar caudalosa no ventre da cidade que morre com sua morte e sequer percebe o fúnebre cenário que se monta, não nos palcos mas nas nas coxias de da sociedade sem saciedade de poder.

Por sermos filhos, seremos herdeiros de suas águas, da falta delas e da culpa das inertes ações que poderia ser outras, mas que nada é que o cotidiano consumo de si mesmo, num auto antropofagismo que assassina sua mãe, mãos e útero.

Triste saber que nossas águas estão a se tornarem pó...

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 02/02/2015
Código do texto: T5122841
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