INTERMITENTE

[Texto em homenagem ao meu grande amigo Hélio]

Uma música suave com acordes estridentes de uma viola chorosa e uma guitarra tímida.

De repente entra outra música, mais romântica e mais suave, ao som de um piano.

Mudou completamente: a melodia, o ritmo, o instrumento, o intérprete...

Meu pensamento vaga por entre lembranças dos dias anteriores.

Lembro-me da suave companhia de uma pessoa que se tornou muito especial pra mim.

A intermitência dos gêneros musicais me levou a pensar na intermitência desse alguém.

Sim, esse ser especial é um intermitente em pessoa.

Não, engano-me! Seus sentimentos, suas sensações, são intermitentes.

Confundo-me em sua intensidade, mas organizo-me em sua intermitência.

Em um momento está bem alegre;

Em outro momento está triste;

Em um momento, acompanhado;

Em outro momento, sozinho;

Em um momento, tranquilo;

Em outro momento, chateado.

Sentimentalidades intermitentes:

Sofrendo de saudade;

Sofrendo de amor;

Sofrendo de ansiedade;

Regozijando-se de tranquilidade;

Regozijando-se de contentamento;

Regozijando-se de euforia.

Apaixonado... Contente... Eufórico... Preocupado... Chateado... Furioso...

Tão ele.

Tão intermitente. Tão cheio de sentimentos. Tão cheio de sensações.

Seus livros revelam toda sua intermitência. Sua alma é despida cuidadosamente.

Uma mistura suave de um ser amalgamadamente louco. Uma mescla do óbvio.

Um pássaro indo e vindo. Um jeito novo de caminhar, mudando seu curso, mas, sempre seguindo...

Intermitentes reticências de um ser que vive intensamente cada momento.

Um arcabouço de dualidades. Às vezes refém de seu próprio coração.

Intermitente...

Que fala mais com os dedos do que com a boca.

Intermitente...

Do jeito que eu gosto: Lacônico, não prolixo.

Intermitente...

Com seus altos e baixos, mas esbanjando simpatia.

Intermitente...

Em seus sentimentos tão humano.

Intermitente...

Tão natural, tão comum, tão diferente, tão... tão... Intermitente.

Não é difícil decifrar um ser quando se é apresentado primeiramente ao seu coração para depois ser apresentado à pessoa física.

Decifrar, no sentido de compreender, de enxergar, de perceber, de se envolver...

A intermitência que mora em seu pensamento, ganha vida em seu coração.

Que bom que é intermitente! Que ótimo! Que magnífico!

Tudo isso é vida e faz sentido. Deixa a vida mais interessante e torna a pessoa mais interessante ainda, com muita qualidade, com muita sensibilidade...

Se todo sentimento é bem-vindo, toda intermitência vale a pena... e como vale! É maravilhoso estar em sua adorável companhia.

Flavia Araujo Taigata
Enviado por Flavia Araujo Taigata em 20/01/2015
Código do texto: T5108360
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