O Lamento de um animal


Sabei vós e àqueles que nada sabem,
Que neste tão belo e singular planeta,
Nem o dia nem à noite, nem o amanhã,
Terão lugar para mim em seu gentil seio.

Pois a minha vida desliza fugidia e rápida,
Qual areia que se derrama numa ampulheta.

Sou filho do nada e da desolação,
E fui criado apenas para ser comido,
Para ser devorado e banqueteado,
Sem qualquer respeito ou consideração.

Minha carne ainda fresca,
Levada de um lado ao outro
Banha-se no sangue da decepção.

E o ódio,
Que inexplicavelmente meus algozes
Lançam sobre minha cabeça,
Consuma-se na divisão do meu corpo,
Na venda da minha carne, pele e entranhas,
Servindo de banquete abundante ao rico
Ou de escassas sobras ao pobre.

Entre diálogos e risos descontraídos,
Minha carne é digerida em pleno sucinto,
Enquanto minha alma chora desconsolada,
Perdoando esta hora memorável e sagrada,
Que brindo ainda com dor ao homem faminto.

Ainda que tivesse o dom da palavra,
Muito embora, eu não seria poupado.
Pois o meu cruel abate ninguém o vê,
O meu destino, já estava consumado.

E por detrás de uma elegante vitrina
Minha carne oferecida jaz em exposição,
Quiçá compre Maria ou quiçá me coma João.
Para mim...
Não haverá desculpas, não haverá perdão.

Então,
Minha alma solitária e perdida,
Vaga no limbo frio da desolação,
Não consigo entender nada!
A vida de mim foi brutalmente tirada,
Para satisfazer o prazer supérfluo da fome,
Daquele,
Que eu pensava ser o meu DEUS.
O Deus-Homem!

Ele que possui todos os meios possíveis,
O Rei da criação e da soberba inteligência,
Possuindo todas as terras para semear,
Preferiu comer a minha carne subjugando-a,
Em lugar da minha fiel ajuda e complacência.

E não tenho ninguém quem me defenda!
Queria meu pai e minha mãe ao meu lado,
Mas deles, fui precocemente separado,
Tornando-me órfão ainda tão mancebo,
Sendo criado pelas mãos do Deus-homem
Conheci apenas o chicote, os gritos e o medo.

Se o meu Deus é o Homem,
Então porque ele me come?
Por que dilacera a minha carne,
E vende as minhas entranhas?

A única coisa que eu sei fazer,
É viver, comer, amar e obedecer,
No entanto, sou brutalmente ultrajado,
Por quem eu mais amo e respeito.
Por ele, devo ficar sempre calado.

Serei sacrificado e torturado até morte.
Meus irmãos me dizem que é por dinheiro,
Outros me dizem que essa é a nossa sorte.
Para mim não há esperança nem alento,
Pois assim é o meu destino: ingrato e violento!

Por favor, Deus-homem.
Tenha por nós animais,
Consideração, amor e piedade!

Terminem com essa crueldade.
Por que eu também tenho uma alma,
Possuo coração, músculos e nervos.
E nestas condições,
Cabe aqui uma agravante:
Sinto dores, passo frio e fome,
Mas não devoro o meu semelhante,
E não carrego nos olhos a impiedade!


Nota do autor(-)
Quando o Deus-homem finalmente,
Preservar e proteger as espécies animais,
Não haverá mais guerras nem injustiças.
E o amor prevalecerá como um Todo.
E uma atmosfera de Luz, Paz e Amor
Cobrirá o planeta Terra e os seus habitantes.

Habitue-se a não comer carne. Comece hoje!
E muito em breve este hábito será esquecido.
E os nossos filhos, poderão viver em um mundo mais humano e amoroso,
Sem guerras, sem ódio, sem vinganças, sem mentiras.