Menina Zezé
Que tem essa menina Zezé, que vem lá da Abadia, pros lados do Abaeté? Por ali passa o Velho Chico, que rico outrora, guardava seus mistérios nas caudalosas correntes e o caboclo dágua era mais que a imaginação das gentes.
Zezé, magrinha, esse grilinho de menina, o xodó de Maria, recebeu por nome de pia e de fé, doce nome, Maria José. Mas Zezé, isso é que é, pois é, poiZezé. Irmãos não teve não, senão pela metade, da parte de pai, do Pai feita a vontade, e com todos já crescidos, maior lhe quedou o quintal, seu pomar, para brincar e sonhar.
Árvore não havia que ficasse sem ser escalada, da breca que essa menina era lavada. Mas também, mui comportada, pelo carinho da mãe confortada, já que o pai perdera tão menina. E quis o duro destino que também se lhe fosse a mão protetora, a querida progenitora, Papaceia iluminadora, quando Zezé, ainda pré-adolescente, teve que nadar contra a corrente, moçoila inocente, deixada neste mundo só, cuidados de parentes e de Ninha, a avó.
No torvelinho da vida, acompanhou tios em mudanças, confiada ao anjo-da-guarda, eletambém pouco mais que criança. Vieram o emprego na fábrica de tecidos, o casamento, os filhos, muitos e queridos, e se passaram os anos em meio a incompreensões, lutas e dificuldades de todos os tamanhos e formas, mas a menina Zezé não esmorece e quanto mais padece, mais seu coração enternece, distribuindo felicidade, compartilhando com toda vontade, alma mais branca que o alvaiade.
E seZezé tem muita rima, poesia que a sublima, sua presença neste mundo é singular, pois com mamãe, qual o poeta que já conseguiu rimar?