Santos (Cidade do coração!)
Não precisa ter nascido na cidade pra ser Santista de coração! E um Santista de verdade tem algumas particularidades que só quem é da cidade consegue entender!
Se é novo demais pra ter ido nos parques instalados no Emissário Submarino, um dia precisa ir assistir um jogo qualquer na Vila Belmiro. Quando criança talvez tenha aprendido a andar de bicicleta na Fonte do Sapo, mas sabe que pra andar de skate é melhor ir pra Praça Palmares.
Quem nunca deu tchauzinho pra navio saindo do Porto não sabe como isso pode ser divertido. Todos sabem que ir no Aquário antes e depois da reforma não é coisa de turista... Ah, que saudade do Macaé! E quem nunca correu de pavão no Orquidário que atire a primeira pipoca!
Com certeza já ouviu falar na Lofty e na People, talvez tenha ido numa balada na Breezy e provavelmente comprou bebida no Extra pro esquenta antes de ir pra Capital Disco.
Já passou mal com um tempurá na feirinha hippie e foi tomar soro na Santa Casa por causa disso, mas mesmo assim volta pra comer de novo e tem algum enfeite que comprou por lá também.
Preferia quando os desfiles de carnaval aconteciam na avenida da praia e foi pra baile no Sírio Libanês com fantasia comprada na Proplastik. Os mais velhos lembram com nostalgia do banho da Dorotéia e hoje vão pras Tendas da orla.
Comprar guloseimas nas Lojas Americanas pra assistir “O Advogado do Diabo” no Cine Iporanga porque os ingressos pro “Titanic” no Indaiá tinham esgotado é uma aventura que os adolescentes de hoje não entendem. Mas eles bem tomam casquinha do Mc Donald’s vendo vitrine no Shopping Balneário.
Apesar de não entender bem como construíram o Praiamar tão rapidamente, tem que admitir que virou um ponto turístico no meio do BNH, assim como o polvo ridículo estragando a faixada dos Jardins da Grécia na Ponta da Praia.
A piscina do SESC é uma delícia, embora há quem prefira a do Portuários. Mas nada se compara ao mar! Sair de casa e poder vê-lo é a melhor parte! Quando não dá pra dar um belo mergulho pra revigorar, só de andar a beira mar já faz um bem danado. E enquanto anda, pode-se observar a curiosa forma como os prédios são tortos... Eles tombam em direção à Igreja do Embaré, mas ao chegar nela, dos dois lados, os prédios pendem pro lado oposto dando a impressão de que podem proteger a igreja num eventual efeito dominó. É fascinante! E nessa caminhada que pode ser em direção ao Gonzaga, pode se perguntar se tiraram as bandeiras da praça pra lavar ou algo assim. E se for num fim de tarde do mês de outubro, vai reparar no Forte iluminado com luzes rosas.
Sabe como ir de busão até o terminal e de lá pegar outro pra visitar um amigo que mora na Zona Noroeste. Ou ir na rodoviária pra viajar pra Sampa (em algum momento todo mundo precisa ir!). Ou ainda pra ficar mais fácil pra subir o Morro na Nova Cintra... Como é bela a Lagoa da Saudade!
Já entrou na Pinacoteca? Na Bolsa do Café? Já andou de Bondinho? Um bom Santista conhece o centro e um pouco da história da cidade.
Os mais branquelos talvez tenham que dizer pro tio do mate “Quanto? Eu moro na Aparecida! Tu é doido?”, em temporada de verão. E, por isso, também reclama do lixo deixado pelos turistas na praia, mas nunca lembra de pegar a rolha da garrafa de cidra que estoura no réveillon durante a queima de fogos.
Só de olhar pro mar já sabe se vai chover e se estava a pé pros lados do Canal 3 em dia de temporal, provavelmente já andou com a água que transbordou na altura dos joelhos.
Isso tudo eu sei por que tive o prazer de crescer nessa cidade deliciosa de ser viver e sinto muita falta de ir na padaria comprar 6 médias e 4 pães de cará!
Assim a cidade faz mais um aniversário e ainda tem gente que se pergunta o que significa “Patriam Charitatem Et Libertatem Docui” e quando aquele Duende gigante vai resolver acordar, levantar e mostrar pra tudo mundo que não era só um morro de formato engraçado!