ELIS MARIA
Elis Maria
Ela nos prometeu alimento com sua alma. Mas, também pediu as chaves das algemas. Quer um amor infinito enquanto dure e uma saia florida que não desbote como o céu. Eu a conheci e adorei o que lia. Pede somente, que o tempo não turve-lhe a visão com sua densa poeira.
Aqui vão as evidências e as tentativas de saciar-lhe a alma com uma amizade poética verdadeira.
Esbarramos pela primeira vez ouvindo um "Prelúdio":
Te vi no trajeto
Indo ao recital
Pedias carona
E ao ponto final
Palmilhas a zona
Do verso incompleto
Que eterno flutua
Destino causal
Povoas um mundo
Puro imaginário
Virá ao final
Por certo o salário
Depois li maravilhado e talvez por sobre os ombros a sua Alice pós-moderna em "O Pulo de Alice":
Maravilha de pais de tua Alice
Não sei se meu riso é gato
Ou se o coelho me disse
Mas viajo estupefato
No inusitado da cena
Ela não é mais pequena
E quer curtir o barato
Aqui descobrimos a nossa "Atípica(Tipicamente)" descendência comum, num certo pantera Raulzito.
Adoro o Beleza
Também sou de julho
Me cansa a nobreza
Ressurjo do entulho
Desato e dou nó
Nunca sonho só
Se é morno eu engulho
De novo, e agora à "Meia Noite", acho que procurando colírio:
Vezes que estou inseguro
Cato os meus mais escuros
O meu vinil quase furo
Bato forte contra os muros
E se faltar gitá, penduro
Não cria em zodíaco até descobri-la carangueja, como eu, em "Tropeços de Câncer":
As vezes sigo de lado
E sou crente que avanço
Fixo na lua parado
Se vejo um abismo me lanço
Mas eterno apaixonado
Adoro o inusitado
E não guardo qualquer ranço
Numa breve visita à infância "Andando de Bicicleta":
Desci sem freio à magrela
No teu poema concreto
De sempre arisco e inquieto
Vôo livre na banguela
Vez por outra capotava
Só um poste me parava
Grande era a minha esparrela
( Obrigado pela viagem à infância, revi minha Monareta)
Em sua "Lição Nr 3", me restou reconhecer:
Isso sim é que é lição
Minha cartilha é vazia
É feito a emoção
Que carrega a tua poesia
Lendo os versos que cometo
Aqui e acolá prometo
Aprender com Elis Maria
Antes da decepção com Chico, ele me ajudou num pedido de perdão com sua "Noite dos Mascarados":
Quem pede perdão sou eu
Pelo fato que penso ocorreu
Pela falta de prática aos aifones
Mas peço que não me abandones
Prometo trocar as lentes
Pois sem tuas visitas freqüentes
Chorarei a tristeza sem fim
Igual Chico em "Pedaço de mim"
Desculpas aceitas, pazes feitas. Minha tentativa de apropriar-me de "Diários":
Agora é meu o alívio
Voltastes ao meu convívio
Vivia aflição ruim
Tentando entender "Diários"
Os meus motivos eram vários
P'ra querer fosse eu o fim
Foi quando bolei um plano
Escrevo um "Cotidiano"
E o tal do linque é p'ra mim
Lendo o seu "Filósofo Predileto", quis ser seu pupilo:
Olho pro imo
Mal me aproximo
Do quase nada
Volto à estrada
Vivo em impasses
Sinistra ou destra
Dúvida danada
Ah se topasses
Ser minha mestra
Aqui um café filosófico na "Frost Free" alemã:
Tua poesia quente e franca
Entra agora em linha branca
Vá registrando o tal frio
Mas não se entregue ao vazio
(Vou ver o que Herman acha, depois te falo)
Ela dizia "Devolva-me"! Então, separando algumas coisas, abri mão de Chico:
Os e-1/2s sem respostas
O Neruda pois não gostas
Fique com os discos de Chico
Pois lulou e hoje é nanico
(Posto que curti a varíola, te devolvo és show de e-bola!)
Respondendo um bilhetinho irresistível, que perguntava: "Se eu fizer um café, você fica pro jantar?":
E se eu esquentar-te os pés
Meu coração ganha um afago?
E ai prometo de trago
Um bom vinho e canapés
No desjejum uns versinhos
P'ra degustares quentinhos
Pois sei da gourmet que és
Querendo ter sete, para ficar na boca do forno em "7-co":
Se eu tivesse de fato
Sete vidas que barato
Deixava uma em teu entorno
Vigiando este teu forno
P'ra esperar verso quentinho
Sou preto mas não sou gato
Sem esta vida me mato
Chego sempre atrasadinho
Se alma fala com alma, deve ser assim! Beijão &lis!