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UMA PERDA REVOLUCIONÁRIA
UMA PERDA REVOLUCIONÁRIA
Registro, com muito pesar, o falecimento inesperado, por causa não revelada, nesta sexta-feira, 26, de um velho camarada que combateu a ditadura militar, ou, se quiserem, o golpe de Estado que sobre nós se abateu, entre 1964 e 1985. É uma grande perda revolucionária, sem dúvida.
Estou a falar do militante socialista Gilvan Queiroz da Rocha*, pernambucano da cidade de Limoeiro, a quem, nestas simples garatujas, presto a minha sentida homenagem póstuma.
Contava o empresário e escritor Gilvan Rocha, presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos (Caep) e articulista do jornal O Povo, de Fortaleza, com 72 anos de vida.
Ainda garoto, a partir dos seus 16 anos, ele já ingressava nas lutas populares.
Começou sua militância no histórico Partido Comunista Brasileiro (PCB), atuou em alguns Estados do Nordeste, nas famosas Ligas Camponesas, lideradas pelo advogado, poeta e escritor, também pernambucano, Francisco Julião e fez política de esquerda no Rio de Janeiro e em Goiás, onde se tornaria guerrilheiro.
Sua vida foi quase toda – pelo menos durante 56 anos – dedicada à revolução e ao socialismo, vivendo quase sempre na clandestinidade, contando com o exílio de cerca de oito anos na Argentina e em Portugal.
Com a anistia política, em 1969, o militante Gilvan regressou ao Brasil e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Depois, teve passagem pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Era, atualmente, filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o qual, ontem, nas exéquias, e pela imprensa, lhe prestou homenagem.
Crítico mordaz do comportamento de certas práticas do “esquerdismo infantil do comunismo”, o autor, entre outros, dos livros Meio Século de Caminhada Socialista e Comunistas, filhos da pátria, deixa um legado admirável de conhecimentos teóricos e de prática revolucionária.
Lembro-me do Gilvan, no início da década de 1970, dirigindo ele o seu Volkswagen avermelhando, e eu de carona, pelo menos uma vez por semana, a caminho da casa de um companheiro, em pequena chácara entre Messejana e a Cidade de José Walter, na Perimetral, onde íamos estudar marxismo e repassar informes, jornais etc.
O nosso jornal clandestino era O BOLETIM e, aí, lá nele, fazíamos uma autópsia geral dos fatos locais (nas fábricas, sindicatos, centros sociais etc.), acontecimentos estaduais e nacionais.
Uma vez, o Gilvan me confidenciou: “- No Rio, eu dava cobertura a um companheiro que pichava muros e, de repente, apareceu um sujeito que disse: Comunista safado! e já foi batendo a mão ao quarto. Mas já era tarde. Apontei primeiro e falei: - Se disparar, também morre. Aí o cabra arrancou e foi embora”.
Estou a falar do militante socialista Gilvan Queiroz da Rocha*, pernambucano da cidade de Limoeiro, a quem, nestas simples garatujas, presto a minha sentida homenagem póstuma.
Contava o empresário e escritor Gilvan Rocha, presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos (Caep) e articulista do jornal O Povo, de Fortaleza, com 72 anos de vida.
Ainda garoto, a partir dos seus 16 anos, ele já ingressava nas lutas populares.
Começou sua militância no histórico Partido Comunista Brasileiro (PCB), atuou em alguns Estados do Nordeste, nas famosas Ligas Camponesas, lideradas pelo advogado, poeta e escritor, também pernambucano, Francisco Julião e fez política de esquerda no Rio de Janeiro e em Goiás, onde se tornaria guerrilheiro.
Sua vida foi quase toda – pelo menos durante 56 anos – dedicada à revolução e ao socialismo, vivendo quase sempre na clandestinidade, contando com o exílio de cerca de oito anos na Argentina e em Portugal.
Com a anistia política, em 1969, o militante Gilvan regressou ao Brasil e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Depois, teve passagem pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Era, atualmente, filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o qual, ontem, nas exéquias, e pela imprensa, lhe prestou homenagem.
Crítico mordaz do comportamento de certas práticas do “esquerdismo infantil do comunismo”, o autor, entre outros, dos livros Meio Século de Caminhada Socialista e Comunistas, filhos da pátria, deixa um legado admirável de conhecimentos teóricos e de prática revolucionária.
Lembro-me do Gilvan, no início da década de 1970, dirigindo ele o seu Volkswagen avermelhando, e eu de carona, pelo menos uma vez por semana, a caminho da casa de um companheiro, em pequena chácara entre Messejana e a Cidade de José Walter, na Perimetral, onde íamos estudar marxismo e repassar informes, jornais etc.
O nosso jornal clandestino era O BOLETIM e, aí, lá nele, fazíamos uma autópsia geral dos fatos locais (nas fábricas, sindicatos, centros sociais etc.), acontecimentos estaduais e nacionais.
Uma vez, o Gilvan me confidenciou: “- No Rio, eu dava cobertura a um companheiro que pichava muros e, de repente, apareceu um sujeito que disse: Comunista safado! e já foi batendo a mão ao quarto. Mas já era tarde. Apontei primeiro e falei: - Se disparar, também morre. Aí o cabra arrancou e foi embora”.
Fort., 28/12/2014.
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(*) Até que, em outubro/novembro de 1973, fosse preso um expressivo número de pessoas, no Ceará, em torno do Movimento Comunista Internacional (MCI), de conotação trotskista, com a evasão clandestina de Gilvan para o Maranhão e depois para Portugal, todos, aqui, só conhecíamos o militante, casado com a brava poetisa Ester Barroso, também aprisionada, pelo codinome de Félix. E, nas dependências da repressão, aquele que era tido ficticiamente como Clóvis Pinheiro Tavares, “de tradicional família do Riacho do Sangue, no Ceará” (segundo o seu advogado e cunhado, o competentíssimo Dr. Antônio Pádua Barroso, quando das audiências que tivemos, na Auditoria Militar de Fortaleza), na verdade, passou a ter o seu verdadeiro nome revelado pela Polícia Federal, ou seja, Gilvan Queiroz da Rocha, pernambucano e não cearense, como constava em sua documentação alterada. A mim mesmo ninguém me conhecia como João, mas por outro “nome de guerra”.