PAULO RÓNAI - UMA PRESENÇA E UMA SAUDADE
Já não lembro bem o ano. Talvez fosse em 1966, 67 ou 68.... eu estudava em um colégio de freiras, Colégio da Divina Providência em Curitiba. Fazia o curso científico, atual Ensino Médio. Naquele ano, nossa professora de português, uma das religiosas da instituição, fez um pequeno sorteio na sala. Um escritor para cada aluno. Tínhamos que mandar correspondência ao escritor e se ele nos respondesse, tiraríamos nota cem no bimestre. A mim, coube tirar Paulo Rónai. Claro, eu não sabia quem era, mas a professora sabia. Escrevi para ele. E qual não foi minha surpresa, quando me respondeu e me enviou dois livros: "Os Meninos da Rua Paulo", uma tradução sua, de Ferenc Molnár e um livro de sua própria autoria: "Escola de Tradutores". Além de se tornar, a partir daquele ano, um amigo caríssimo, um ombro amigo, um mestre que me orientaria a partir dali em muitos momentos cruciais do meu caminho profissional. Trocava, em cartas epistolares, como ele mesmo as chamava, com aquela humilde jovem que eu era, conhecimentos imensos e experiências de vida que não tem preço.
Ainda trocamos correspondência nas décadas seguintes. Dele também posteriormente recebi "Sagarana" de Guimarães Rosa. Ainda guardo com carinho cartas suas e postais, que quando releio, me vem lágrimas aos olhos, por tanta sabedoria e pelo tempo que vai deixando marcas profundas em nosssos corações. Talvez por essa semelhança de experiência eu goste tanto do filme"84 Charing Cross Road", sobre o qual já escrevi aqui.
Todo Natal e Ano Novo lhe enviava cartão e dele recebia outro, com o mesmo carinho e atenção. Quando morei em Atlanta, recebi dele um cartão com a foto da Universidade da Flórida, onde ele havia sido professor.
Quando me mudei pro Rio, na década de 80, tão próximo de onde ele morava (em Nova Friburgo), falei com ele por telefone (que imensa alegria!) e combinamos uma visita ao sítio "Pois é" , onde ele residia, mas infelizmente essa visita tão programada e ansiada nunca se concretizou, por vários motivos que não vem ao caso mencionar aqui agora.
E em 1992 ele se foi sem que eu pudesse ter tido a chance de lhe dar um grande abraço pessoalmente.... mas, certamente, as lições que me ensinou, todo o amor pelas Letras (incentivou-me muito na escrita), tudo isso está eternizado em meu coração .
Meu bom amigo, Professor Paulo Rónai, eu bem lhe devia uma homenagem e não sei escrever melhor.... mas sabes que serei sempre sua eterna aluna, como seu sempre lhe disse em minhas humildes letras.
Foto: Paulo Rónai: tradutor, escritor, professor, revisor, crítico. Nasceu na Hungria, em 1907 e faleceu no RJ em 1992.
Obras publicadas:
Escola de tradutores (1952)
Gramática completa do francês (1969)
A tradução vivida (1981)
Como aprendi o português e outras aventuras (1956)
Não perca o seu latim (1980)
Dicionário francês-português (1980)
Gradus primus (1943)
Gradus secundus (1986)
além de uma imensa lista de livros traduzidos para o português.
Já não lembro bem o ano. Talvez fosse em 1966, 67 ou 68.... eu estudava em um colégio de freiras, Colégio da Divina Providência em Curitiba. Fazia o curso científico, atual Ensino Médio. Naquele ano, nossa professora de português, uma das religiosas da instituição, fez um pequeno sorteio na sala. Um escritor para cada aluno. Tínhamos que mandar correspondência ao escritor e se ele nos respondesse, tiraríamos nota cem no bimestre. A mim, coube tirar Paulo Rónai. Claro, eu não sabia quem era, mas a professora sabia. Escrevi para ele. E qual não foi minha surpresa, quando me respondeu e me enviou dois livros: "Os Meninos da Rua Paulo", uma tradução sua, de Ferenc Molnár e um livro de sua própria autoria: "Escola de Tradutores". Além de se tornar, a partir daquele ano, um amigo caríssimo, um ombro amigo, um mestre que me orientaria a partir dali em muitos momentos cruciais do meu caminho profissional. Trocava, em cartas epistolares, como ele mesmo as chamava, com aquela humilde jovem que eu era, conhecimentos imensos e experiências de vida que não tem preço.
Ainda trocamos correspondência nas décadas seguintes. Dele também posteriormente recebi "Sagarana" de Guimarães Rosa. Ainda guardo com carinho cartas suas e postais, que quando releio, me vem lágrimas aos olhos, por tanta sabedoria e pelo tempo que vai deixando marcas profundas em nosssos corações. Talvez por essa semelhança de experiência eu goste tanto do filme"84 Charing Cross Road", sobre o qual já escrevi aqui.
Todo Natal e Ano Novo lhe enviava cartão e dele recebia outro, com o mesmo carinho e atenção. Quando morei em Atlanta, recebi dele um cartão com a foto da Universidade da Flórida, onde ele havia sido professor.
Quando me mudei pro Rio, na década de 80, tão próximo de onde ele morava (em Nova Friburgo), falei com ele por telefone (que imensa alegria!) e combinamos uma visita ao sítio "Pois é" , onde ele residia, mas infelizmente essa visita tão programada e ansiada nunca se concretizou, por vários motivos que não vem ao caso mencionar aqui agora.
E em 1992 ele se foi sem que eu pudesse ter tido a chance de lhe dar um grande abraço pessoalmente.... mas, certamente, as lições que me ensinou, todo o amor pelas Letras (incentivou-me muito na escrita), tudo isso está eternizado em meu coração .
Meu bom amigo, Professor Paulo Rónai, eu bem lhe devia uma homenagem e não sei escrever melhor.... mas sabes que serei sempre sua eterna aluna, como seu sempre lhe disse em minhas humildes letras.
Foto: Paulo Rónai: tradutor, escritor, professor, revisor, crítico. Nasceu na Hungria, em 1907 e faleceu no RJ em 1992.
Obras publicadas:
Escola de tradutores (1952)
Gramática completa do francês (1969)
A tradução vivida (1981)
Como aprendi o português e outras aventuras (1956)
Não perca o seu latim (1980)
Dicionário francês-português (1980)
Gradus primus (1943)
Gradus secundus (1986)
além de uma imensa lista de livros traduzidos para o português.