Quando nasci pela segunda vez!
A primeira vez que nasci não me recordo,
Como naturalmente acontece com todos os nascidos,
Meus primeiros anos de vida ficaram guardados e trancados,
Pois, por mais que eu tentasse lembrar,
Nem lampejos eu conseguia resgatar,
O tempo passou, meus genitores desapareceram de minha mente,
E num abrigo acabei ficando,
Por sorte não estava sozinho, pois comigo estava um amor de irmão,
De sangue apenas materno, mas totalmente ligados de alma e coração,
Se eu sofria, não me lembro, se eu chorava menos ainda,
Mas os dias corriam e nós dois "pitocos barrigudos" também,
Até que nasci pela segunda vez,
No portão dois anjos chegaram,
E como sempre curioso e corajoso fui recebê-los,
Parecia até que já sabia o que iria acontecer,
Escondido, chorando e com medo meu irmão ficou,
E uma voz dizia "calma meu filho, tudo ficará bem!",
Algum tempo se passou e em um lar de verdade nos acomodamos,
Uma família conquistamos e uma nova vida nós ganhamos,
Muito tempo se passou e hoje sou o que sou e sou quem eu sou,
Adotivo é só uma palavra para descrever um documento, um simples papel,
Mas o papel de mãe, o papel de pai, nenhum papel consegue ensinar,
Hoje sei o que é amar, se dedicar e lutar para se criar um cidadão de bem,
Gratidão é o mínimo que posso ter, pois se agradece quem te faz um favor,
E quando falamos de amor, não se espera nada em troca,
Amor se retribui com amor e se eu tiver que dizer alguma coisa,
Será simplesmente:
"Amo vocês, meus pais, meus anjos protetores e obrigado por tudo!"