SACIANDO A SEDE - RELEMBRANDO NERUDA
Sê
Se não puderes ser a chuva, que cai na madrugada,
Sê o orvalho da manhã, mas sê
O doce orvalho que nutre com vigor.
Sê um filete d’água, se não puderes ser a chuva.
Se não puderes ser um filete, sê um pouco em gotas,
E sacia com alegria a sede d’alguém.
Se não puderes matar a sede,
Sê apenas um alívio.
Se não puderes ser alimento, sê o acalanto.
Não é pelo modo que alcançarás um coração...
Mas sê o melhor na plenitude do amor.
(Aila Brito)
Sê
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
(Pablo Neruda)