SACIANDO A SEDE - RELEMBRANDO NERUDA

Se não puderes ser a chuva, que cai na madrugada,

Sê o orvalho da manhã, mas sê

O doce orvalho que nutre com vigor.

Sê um filete d’água, se não puderes ser a chuva.

Se não puderes ser um filete, sê um pouco em gotas,

E sacia com alegria a sede d’alguém.

Se não puderes matar a sede,

Sê apenas um alívio.

Se não puderes ser alimento, sê o acalanto.

Não é pelo modo que alcançarás um coração...

Mas sê o melhor na plenitude do amor.

(Aila Brito)

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,

Sê um arbusto no vale mas sê

O melhor arbusto à margem do regato.

Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.

Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva

E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,

Sê apenas uma senda,

Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.

Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...

Mas sê o melhor no que quer que sejas.

(Pablo Neruda)

Aila Brito
Enviado por Aila Brito em 21/09/2014
Reeditado em 25/09/2014
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