MENSAGEM DE DESPEDIDA

Nenhum discurso é um tanto suficiente para traduzir a dor de uma despedida. São dias tristes que envolvem todos estes corações que sofregam em luto. Depois daquele adeus, as noites e os dias não apresentam mais as diferenças que os distinguem, porque existe em cada página escrita no tempo a doce lembrança de quem partiu. Vai o anoitecer e rompe a aurora, e os ponteiros do tempo se fixam nesta inconsolável abstração chamada saudade.

É uma pena que nós, filhos, filhas, netos e netas não tivemos a oportunidade de viver mais tempo ao seu lado. Isso porque, os afazeres da vida e a própria natureza do destino nos tange para lugares distantes. O tempo e a distância são mestres na arte de nos evitar as mais nobres companhias. E quantas vezes quisemos voltar para ficar contigo. Permanecer ali, por um ano, por um mês, por um dia, por uma hora, um minuto ou quem sabe até um segundo!! Porém, os percalços da vida nos prenderam em alguma parte deste mundo, nos fazendo inocentes escravos de algumas circunstâncias da vida.

Mas a senhora mamãe-vovó, a senhora sabia muito bem que não era um mero descaso. Filhos e netos são como pássaros crescidos que voam em tantas direções e as vezes até perdem a deriva. Estes pássaros, em raras oportunidades retornam ao ninho. A distância e o tempo nos mantinham separados por uma causa, aparentemente, justa. Pois sempre te amamos tanto, que a doce inocência do amor fazia com que acreditássemos que você nunca iria partir. Imaginávamos que o destino jamais nos furtaria sua majestosa companhia!!! Em nossa imaginação, havia um imensurável conforto de que, sempre que agente cruzasse as estradas de Itacambira, e percorresse algumas trilhas, você estaria lá. Lá no seu recanto feliz em contraste com o verde e quietude da natureza. Naquela paisagem exuberante toldada ao sopé da serra. Ali, vislumbrava sua figura linda na porta da sala. Seu doce sorriso povoava de alegria a porteira da chegada, os pequizeiros enfileirados, o gramado verde e as cercas do curral.

Até seus animais de estimação louvavam sua existência. Agora, jaz contigo todo o soneto de nossas alegrias!!! Nossos encontros não terão mais a riqueza das rimas e prosas de outrora. Oh ilusão!!!! O hoje nos traiu, o agora, sobretudo, destrói nossa inocência com torpeza. Já não podemos mais ficar ao seu lado. Sua casinha é tomada pela tristeza e pelo vazio. Existe, quiçá, um recanto monótono, onde o Seu Ercy, pai destes filhos e avô destes netos, em algum canto daquele terreiro,debate com a solidão.

Sequer temos a certeza de qual momento os seus dedos irão tatear as cordas do seu velho violão. Os sambas e boleros, certamente, perderam o sentido, se ali não há mais a plateia preferida. A estrada de terra, os animais em silêncio, as águas do paradão...parecem, todos comungarem da mesma saudade. Enfim, a mãe e avó Mariinha não está mais presente entre nós. hoje, estamos juntos para celebrarmos uma prece em sua memória. Para quem parte, a insuficiência de palavras, nesta ocasião, é incapaz de externar a dimensão dos nossos sentimentos. Por essas e tantas outras razões, Mariinha, o amor que sentíamos, pela própria vontade de Deus, não foi o bastante para manter você conosco para sempre. Este mesmo amor, também, jamais lhe trará de volta ao nosso convívio. Mas, a bondade do pai nos dar força em demasia, força e paz para manter acesas as chamas da esperança e te eternizar no aconchego sublime da glória!!!! Eternas saudades do seu esposo, dos filhos, filhas, netos, netas, irmãos e amigos.