Por João

É nas raras horas solitárias, o pranto contido.

É silêncio e oração.

É pesar consequente da intolerância.

É fruto podre, que exala cheio de morte e covardia.

É assédio, e impunidade.

E a cor, é de hematomas pelo corpo.

E de sangue escorrendo pelas veias do extremismo.

Que cega, mata, esfola vivo.

Que incita, prega, violenta e humilha.

Hoje João. Amanhã lembrança.

Ontem Maria. Amanhã pagina de jornal.

Um número a menos na família

Um número a mais na estatística

Foi-se embora o garoto de sorriso largo.

Adentrou-se em teu espaço a dor.

Dor, é a mãe que chora.

Dor é o pai que lamenta.

É intensa e infinita.

É o que resta de nós quando os pedaços descolam da alma.

Dor é o produto do preconceito

É o requinte de crueldade.

É o recado no papel amassado.

É a falta da lei.

A omissão dos fatos

A noticia empurrada por baixo do tapete.

Dor é nossa fraqueza

Dor é a nossa motivação

Há de se fazer mudança

Há de ter se esperança.

Por mim

Por nós

Por João.

Inspirado nessa triste notícia : http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/09/1514486-policia-civil-apura-se-jovem-gay-morto-em-goias-foi-vitima-de-homofobia.shtml

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 12/09/2014
Código do texto: T4959253
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