No dia em que fui mãe

Ah, o dia em que fui mãe.

Houve uma chuva de estrelas,

até os pássaros acordaram para cantar em coral:

avisem à todos, a Valentina nasceu.

Cheia de saúde e com lindos olhos azuis (que hoje já são castanhos)

Parecia uma boneca esculpida à mão,

todo o hospital se rendeu a sua beleza incomum para uma recém nascida.

No dia em que fui mãe, o mundo mudou de direção,

o sentido do rio já não era o meu, era o dela.

Fechem todas as janelas, o frio não pode incomodar

nem calor, nem mosquitos.

No dia em que fui mãe já não existia primeiro amor, nem eterno,

nem maior amor no mundo.

Ela era meu tudo, meu início e meu fim.

O mundo congelou por uns instantes para que eu a observasse.

Meu corpo paralisou com o toque das suas mãozinhas e

sua boquinha em busca de alimento.

Lavem as mãos, não façam barulho

No dia em que fui mãe,

minha vida exigia horários fixos, passeios programados

pausas para a papinha e para o soninho,

nada de noitadas

Só conseguia enxergar a seção de brinquedos e roupas infantis,

passei a ler os rótulos dos alimentos e a balancear a comida.

"Gutinho" (iogurte), é o que ela mais gosta.

Tragam todos, de todos os sabores e formatos de embalagens.

Fechem as torneiras, não batam as portas, não mexam em sacos plásticos,

não toque o telefone, não gritem ou falem alto,

mantenham tudo sempre limpo.

No dia em que fui mãe, descobri o verdadeiro sentido de viver e querer crescer.

E todas as manhãs este dia se renova.

porque o dia mais feliz da minha vida foi...

...no dia em que fui mãe!

Patrícia Aureliano
Enviado por Patrícia Aureliano em 04/09/2014
Reeditado em 04/09/2014
Código do texto: T4948950
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