FLOR DESNUDA!
Àquele meu vasinho de flores ocultas...
I
Finalmente , minha flor de maio!
Desabrochaste no meu jardim
Já é outono, e o meu presságio...
É que preferes fugir de mim!
II
Olha ao redor desta sacada...
Tu tens em volta uma platéia...
São tantas flores esperançadas,
Eu estou entre as azaléias!
III
O dia é claro e a passarada,
A ti entoa um lindo canto!
E eu que a tenho em ternos versos...
Também a quero, no meu recanto!
IV
Eu te espiei na madrugada
Entre o orvalho que já descia
Do mesmo céu, que feito pranto
Também regou minha fantasia...
V
Sê bem vinda... minha flor de maio!
Vê se tu fica para o verão...
Te mostrarei a primavera,
E do inverno ... a solidão.
VI
E no final da tua viagem...
Quando voltares ao teu mistério...
Sei que a verei em mil miragens!
Mas tua volta...é a teu critério.
VII
Esperarei-te a cada outono
Para que possas desabrochar,
Em tuas pétalas, minha flor de maio...
Há minha vida...sempre a pulsar!
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Vejam ...a poesia tem voz...e ouvidos...
Publicado no Recanto das Letras em 08/05/2007
Código do texto: T478972
MARIA VIRGINIA BOSCO
FLOR OCULTA
"Àquele vasinho de Flores de Maio, que ainda não floresceu..."
I
Acorda, acorda!- minha Flor de Maio!
Não percebeste que já é outono?
Tu me pareces eterno desmaio,
Vê se desperta deste inerte sono.
II
Bati com força à tua porta...
Já parecias estar acordada...
Tu me disseste que estaria pronta,
Para enfrentar tua nova florada.
III
Então boceja, minha Flor de Maio!
Tu já estás um tanto atrasada...
Ao derredor...olha só o meu pranto!
Por que não enfeitas a minha morada?
IV
Naquele vaso que reguei um dia...
Tu não despontas nem na fantasia!
Eu já nem lembro do teu colorido,
Que floresceu sempre a me dar abrigo...
V
Enfrenta a vida, minha Flor de Maio!
A noite é plena...toda enluarada
Até teus galhos pendularam um dia,
Forte paixão, sob a madrugada.
VI
E nesses dias de calmo remanso...
Onde só ouço o pio da passarada,
O que eu sinto é que o teu pranto...
Só se esconde da tua invernada!
VII
Assim espero, oculta Flor de Maio
Que desabroche com cor de verão!
Que ilumine meu jardim de outono,
Com colorido anti-solidão.
VIII
Se são meus olhos...cara Flor de Maio,
Que te inibem de desabrochar...
Não te lançarei nenhum soslaio!
Pra que prossigas a enfeitiçar.
IX
Adeus...adeus...triste Flor de Maio...
Não tenho forças...estou a chorar...
O que me resta?- só esse atalho!
Meu verso livre a te procurar.