10 anos sem o "seu" Tião Borborema

Hoje lembrei com saudade do dia em que meu pai entrou no quarto e eu estava ouvindo rock; sei que seus ouvidos se magoavam com tanto barulho e por isso respeitava quando ele estava em casa, abaixando o volume até o nível de uma conversa audível e "respondível"... mas naquele dia eu quis homenagear sua presença e coloquei um disco de Tonico e Tinoco, músicas que ele costumava tocar e cantar na sua juventude.

Logo ele veio se achegando e timidamente se sentou na cama, ouvindo comigo uma melodia saudosa e que o fez relembrar do passado, onde com a enxada nas mãos ajudou os pais a criarem os irmãos mais novos, e onde ele fez calos até o cotovelo, como ele dizia... e com um sorriso nos lábios se despediu, indo para a praça das árvores, jogar seu carteado, do qual muito gostava, e sempre trazia as balas que ganhava jogando apostado, e cujo prêmio sempre me regalava de prazer...

hoje não posso mais contar com sua alegria e presença, porém nesse dia dos pais quero lembrar dos bons momentos que passamos juntos, e de seu legado que procuro honrar, sendo um profissional competente, honrado, honesto e acima de tudo humilde.

Meu pai, Sebastião Borborema, que sua presença na esquina da minha casa, ou no Parque das Árvores, onde jogava seu inocente dominó, e orgulhoso falava quando eu lá me achegava: esse é o meu filho, O professor, com ênfase no "O"... perpetue na minha memória e na memória dos que o conheceram de perto, sua pessoa admirável e cheia de calor humano e sabedoria nos calejados dedos e no sorriso franco e presença respeitosa.

Adilton
Enviado por Adilton em 07/08/2014
Reeditado em 10/08/2019
Código do texto: T4912741
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