Ariano Suassuna
Tão simples quanto o João Grilo, ele sempre foi débil na fé.
Tão terno quanto o Chicó, ele sempre foi débil na qualidade.
Só o sobejava a simplória esperança.
A esperança de uma promessa desgraçada,
De uma promessa sem jeito, de uma gaita que soava,
De um cego esmolambado,
De uma cachorra que cumpria sua sentença.
Sentença essa que conseguia misturar o erudito com o popular,
Mesclar uma figura com um personagem mítico.
E por intermédio de sua arte, tornar-se amante incurável,
Sem remédio ou subserviência.
Assim era o Ariano, de um feitio generoso,
De uma exuberância excêntrica,
Um conservador em matéria de costumes e artes.
Um homem cultíssimo,
Um erudito que se disfarçava de um sereno sertanejo,
De um sotaque pernambucano, mas um paraibano entranhado.
Ariano era um erário na cultura nacional.
Foi um desbravador nas tradições e contradições nordestinas,
Um versado de sua própria alma,
Com um talento eficaz e uma efervescência popular.
Suassuna sempre permanecerá vivo em nossas mentes,
Pelo imenso legado que nos deixa.
Portanto, ele não morreu, diga-se de passagem,
Isso é algo que existe em paralelo e que não morre,
Que não vive, nem ver, nem sente, só sabe-se que:
Não sei, só sei que foi assim.
Leonardo Limeira