O Amigo
Esta é uma história de um cãozinho magricelo e um tanto idoso, que eu gostaria relatar aos amigos do Recanto.
Abandonado juntamente com sua irmãzinha, por ocasião de mudança e abandono de seus donos, viveu na rua até que meu irmão Fernando o acolheu.
Alimentou-o e passou a chamá-lo carinhosamente de MENDIGO.
Sua irmãzinha não teve a mesma sorte, por maldade e/ou ignorância maior de alguém, morreu envenenada.
Meu irmão sugeriu que eu o levasse para a chácara, onde ele teria mais chances de viver, já que o quintal de sua casa era restrito.
Aceitei de imediato, ponderando que seria boa companhia para a minha solitária cachorra, a PRETA.
Já na chácara, durante a apresentação me veio um dilema: Qual seria seu nome?
E ao “conversar” com ela disse: “Preta trouxe um amigo para te fazer companhia”. Pronto, estava resolvida a questão: AMIGO da PRETA.
Daí, “Mendigo” passou a ser, vamos por assim dizer: “seu nome artístico”.
Por ocasião, da vinda de meu primo Reis para a chácara, este achou por bem chamá-lo de MURILO, em alusão a um homem muito magro, que viveu pelas bandas de Minas.
Bem, se já isso não bastasse, meu filho Rafael, ao observá-lo, percebeu aquele seu olhar de soslaio e seu jeito sorrateiro, comentou: “Pai, este cachorro, parece um Lobo”.
Aliás, num dia de churrasco com Rafael e seus amigos, sorrateiramente ele surrupiou uma peça de picanha que eles haviam colocado numa cadeira para descongelar. (Coisa de lobo mesmo).
Daí por diante também passou a ser chamado por alguns por LOBO.
Tempo depois, quando meu atual vizinho Alex, chegou à chácara passou a chamá-lo de CARCAÇA, dado a sua notável magreza.
Ressalto aqui, que não era por falta de comer não. Ele era o primeiro a chegar na vasilha de comida e comia muito mesmo. Antes que a Preta e a Paloma (nova residente), pudessem se servir.
E eu “brigava” com ele por causa disso.
Minhas amigas Cida e Néia, comentavam sempre: “Esse cachorrinho, não tem SOLITÁRIA, mas sim uma COMUNITÁRIA não é mesmo!”. Maldade das duas!
Porém, neste último dia 12, ele nos deixou. Para nossa tristeza, encontrei-o morto junto à calçada da casa.
Alguns sugerem que ele tenha morrido por picada de cobra, outros alegam envenenamento, há quem arrisque que foi pela idade. Não pude confirmar.
Eu, no entanto, penso que ele tenha morrido por ter carregado nas costas uma tremenda “crise de identidade”. Brincadeira evidentemente.
Mas, por mim, será lembrado sempre como O AMIGO.
Fica aqui, meu agradecimento ao meu velho companheiro de tantos anos de convivência. Convivência que pode não ter sido das melhores, mas que certamente foi de FIDELIDADE de ambas as partes.