MÃE-LIBERDADE!
12 de maio de 1888.
MÃE, mais um dia por ti chorei!
Chorei por não poder tocar teu cabelinho
que, por certo, já é branco-neve do teu Kilimanjaro...
Chorei por não poder tocar tua pele
que, por certo, já forma duna-flácida do meu Saara...
Chorei por não poder deitar em teu colo
que, por certo, agasalhou outros lindos irmãos de minha avó África...
MÃE, mais um dia por ti chorei!
Chorei por não poder abraçar a liberdade
que, por certo, brinca de nos tirar as savanas do Seringuete...
Chorei por não poder entender a crueldade
que, por certo, nos levou o espírito do guerreiro Massari do Quênia...
Chorei por não poder terminar meus dias em tua companhia
que, por certo, ainda guarda o feitiço da bondade da Raça!
MÃE, mais um dia para sempre chorarei...
Em outro tempo - quem sabe, mãezinha? - num futuro inimaginável,
esta terra-coirmã não mais derramará o sangue com que pinto o mapa de nossos ancestrais, separando amor como se fosse gado a ser abatido.
Nesse dia então, já são serei teu filho pródigo e mais não serás minha mãe triste e abandonada de paz;
no entanto, almas livres que receberão flores,
num dia mágico e solene,
para homenagear o melhor de todos os anjos:
a MÃE-LIBERDADE!
Até lá, minha MÃE!
13 de maio e 2007