SER NEGRA
Na manhã de 13 de maio de 2014
Texto escrito em 20 de novembro de 2009.
Negra é a mulher que tem sido minha irmã, que nos ermos do meu mundo há anos me vem guiando os passos feitos de hesitação.
Negra é a pele que me vai por dentro, herança dos meus ancestrais.
Negra sou eu dos blues que me invadem, com todas as suas línguas feitas de saudade e de desterro.
Negras são certas saudades: sofrimento, volúpia.
Negra é a negra noite, quando se sonham os sonhos mais profundos.
Negra sou eu quando deixo que acordem em mim todas as áfricas.
Negro de belezas é o silêncio dos amantes plenos uns dos outros; que o Pai os proteja, a todos, de todos os males, amém.
Negra África, berço do mundo.
Felizes dos que se alegram, dos que se orgulham pelo negro, pela negra que todos carregamos por fora, por dentro; negritude que nos amplia, que nos ensina, que nos ultrapassa, que fere os nossos limites, para que possamos prosseguir.
REPUBLICAÇÃO