Ditinha – uma nova estrela no céu

Ontem, uma nova estrela brilhou no céu, segundo a NASA. Não sabem ainda como ou o porquê, mas a Agência registrou o nascimento de uma nova estrela resplandecendo nos confins do universo, na parte mais recôndita da Via Láctea, entre as constelações de Touro e Centauro, bem mais brilhante que qualquer “nova” surgida nos últimos tempos.

Os astrônomos que presenciaram o inusitado surgimento ainda não conseguiram concluir quanto às razões deste súbito desabrochar, mas manifestaram suas unânimes conclusões de que se trata de um acontecimento único por sua importância, visto que a nova estrela brilha bem mais que todas as outras, apesar de que a luz que irradia com tamanha intensidade em absoluto não interfere com o brilho das demais e, sim, tão somente, as enaltece e glorifica, criando um efeito único, de absoluto esplendor para todas elas e onde aquela brilha soberana. É assim como se todas elas, simultaneamente, passassem a brilhar mais e mais, como se em um misto de alegria, até mesmo de agradecimento por sua presença.

E por mera coincidência, ela passou a brilhar justamente em meio às comemorações do Dia das Mães, talvez em homenagem a todas as mães que a precederam e outras que ainda não se transformaram em estrelas, o que os levou a considerá-la como dotada de poderes mágicos, místicos e que eu, em minha santa ignorância e desconhecimento das leis que regem a astronomia, há décadas havia prognosticado, quando a vi pela primeira vez. Talvez por conhecer grande parte de sua história, por tê-la acompanhado e com ela convivido por algum tempo, eu já sabia que assim seria, já o tinha divisado.

Em vida, realmente era um exemplo no que se conceitua como “amor de Mãe”. Mesmo discordando do que a vida lhe apresentava como um caminho para si e os seus, trilhava-o perseverando e confiante de que ele culminaria em um final feliz, o que sempre acontecia. Era contagiante em sua bondade, em sua aceitação, em sua dedicação e amor a esta filha linda, tão linda e doce como a mãe que a concebeu. Era dessas mães que há muitas décadas, quando ainda imperava o falso moralismo, a hipocrisia, se antecipava no próprio tempo, se fazia atemporal e cedia a própria cama para o repouso da filha com o amado, evitando que passassem a noite distantes e sujeitos às inseguranças e intempéries da cidade grande.

E sempre, na manhã seguinte, acordava cedo para comprar o pão fresco na padaria próxima, arrumar a mesa para recebê-los com tudo de que melhor dispunha em seus parcos recursos e servidos sempre acompanhado com suco de caju que preparou, com carinho, com amor e, o mais importante, com seu eterno sorriso estampado no rosto.

Em muitas tardes, sentamo-nos nos banquinhos a sua varanda e conversamos sobre tudo, sobre os rumos da vida de cada um, sobre nossos sonhos, nossos devaneios, nossas esperanças, transmitindo-nos o muito que seu pouco estudo lhe ensinou, ela, uma eterna observadora e amante da vida, que a tinha vivido e desfrutado em toda sua intensidade e dela colhido toda a diversidade de frutos, saboreando-os indiferente a seus olores ou aparências, a suas texturas e sabores, sentindo-os sempre doces.

Ontem, Dia das Mães, ela nos deixou, ao menos deixou por alguns poucos momentos para que assim sentíssemos esta sensação de perda por ela ter partido para longe de nós, que mais estamos acostumados com as presenças físicas das pessoas que amamos. Mas, por muito pouco tempo, pois imediatamente nos vem a certeza de que ela cumpriu com todas suas obrigações, amou a todos infinitamente mais até do que foi amada ou que soubemos lhe demonstrar que, sobretudo, ela se tornou um paradigma para este nome tão pequeno e que tanto significado tem: Mãe e que, simplesmente, se distanciou um pouco de nós, para nos observar com mais propriedade, para nos proteger!

E aqui de longe, distante, impossibilitado que fui de revê-la pela última vez para lhe reiterar todo o carinho que sempre sentimos mutuamente, envio-lhe meu abraço amigo e agradecido por tê-la conhecido e desfrutado de seu carinho, aguardando que sua luz igualmente me guie neste caminho que ainda hoje trilho, como se seu filho, que é como sempre fui tratado por ela, Ditinha!!!.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 12/05/2014
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