1967!

Mãe, eu lhe quis como um raio de Sol, em minha vida, e esse querer,
Tem conotação de amizade, e afeição, e me fez sentir seguro e amado!
Você me quis em seu ventre, me quis na sua vida, e quanta dádiva,
De esperança, mãe, você consagrou à minha vida, quanta dedicação.
Quanto carinho você doou, à minha existência, amando-me, foi por mim,
Meu Pai, e minha Mãe, nessa afetuosa inspiração abençoada por Deus.
Mãe se vestia da paz do silêncio,e refletia a paz do amor, da abnegação.

A apregoar as bênçãos, ante renúncias, que avivam nesse ser a beleza.
Os destemores que as agigantam dignificando-as, a fazer resplandecer,
Essas luzes de desapego do amor incondicional ínsito que professam!
Mãe, eu sempre precisei de você, e ainda preciso, e esse hiato,
Que se interpôs entre nós, são ressalvas sentidas sofridas na alma.
E mesmo eu já tendo saído do seu ventre, desde dezembro de 1967,
Mãe, eu não saí da sua alma, e vivencio os reflexos desse amor!

Mãe, você é um presente da vida, você me amou, você me quis.
E esse Adeus, ainda dói na alma, pesa na minha vida, criam sombras...
E gera esse vazio existencial essa afasia, apesar, mãe, de eu ter saído,
Do seu ventre, desde 1967, mas ainda sou esse menino, seu menino.
E ainda sinto medos, e vez por outra veem outros medos , quando,
Estou sem esse seu amparo, ai me recolho diante desses temores!
Estou envelhecendo,mãe,por mais paradoxal que pareça não sei voar.

Não seio voar, plenamente, com minhas asas em busca do meu céu.
A falta desse ombro alado, amigo, dessa condução de amor me arrima!
Tenho feito mãe, da poesia, os ecos do seu coração no meu coração,
E isso me permite sonhar, vivenciar imagens de você na minha infância.
Mãe, eu sempre precisei de você, e ainda preciso, desses espelhos...
Em que pese mãe, eu ter saído do seu ventre na alvorada de 1967, Contra,minha vontade, pois mãe, eu já pressentia esse mundo aqui fora!
Albérico Silva