Dia do Trabalho, Comemorações e a Escravidão Contemporânea
Certo alguém mora no Itaim Paulista, bairro situado no extremo Leste da capital paulista e trabalha em Pinheiros zona Sul.
Seu horário de entrada é às 6h00 fato que o leva a acordar às 4h00. Atravessa a cidade todos os dias, exceto nas folgas, essa rotina tem pelo menos onze anos.
Agradece a Deus por ao longo dos seus 62 anos ter conseguido alcançar sua casa e um carro popular.
Seu trabalho na padaria é bastante movimentado, então ele não consegue fazer as refeições adequadamente e por vezes passa o dia com alguns copos de água.
O horário para entrar é sagrado, mas essa regra não vale no final do expediente, o que também não significa que lhe pagarão por essas horas extras, entretanto acaso ele se imponha e diga que não pode ficar, nota a expressão mal humorada do patrão, além do medo de represálias futuras, por isso na maioria das vezes acaba cedendo e ficando um pouco mais.
Quando finalmente vai retornar para casa o trânsito está bem carregado, e o trajeto ganha dimensões de pelo menos duas horas. As pernas e as costas doem consequência de um dia inteiro em pé. Aliás, as pernas têm consideráveis varizes... Sem plano de saúde, há algum tempo não consulta um médico, ao realizar, praticamente sua única refeição do dia em casa, o estomago não aceita bem.
Conversa com o patrão, pois precisa tirar uma de suas duas férias vencidas e ouve sonoros nãos... Nas palavras do senhorio ele precisa entender ser compreensivo, afinal o negócio não “anda lá” muito bem.
Neste primeiro de maio assim como este certo alguém, muitos brasileiros tem motivos de sobra para comemorar, ouvir o discurso da presidente da nação e descansar, afinal ninguém é de ferro não é mesmo?